... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Desafios ... Resposta: Édouard Manet

Resposta ao desafio anterior:
Autor - Édouard Manet
Obra - "Olympia"


Édouard Manet (1832-1883) pintou o quadro "Olympia" em 1863 e apresentou-o ao grande Júri do Salon oficial de Paris em 1865, tendo sido recusado, como muitos outros, devido à dureza dos critérios de selecção.
Este quadro provocou um grande escândalo tanto entre a crítica como entre o grande público, porque Manet apresentou uma obra totalmente nova, embora respeitando a composição clássica.

Édouard Manet estudou com paixão a arte do passado e foi buscar às obras "A Vénus Adormecida" e "A Vénus de Urbino"  de Giorgione e Ticiano respectivamente, inspiração para pintar "Olympia".


Giorgione
"A Vénus Adormecida"
1508 - 1510
Óleo sobre tela - 108,5x175 cm
Gemäldegalerie, Dresden


Ticiano
"A Vénus de Urbino"
1538
Óleo sobre tela - 119x165 cm
Galleria degli Uffizi , Florença 

Então quais as causas de tanto escândalo  à volta da obra "Olympia"?

"Olympia" foi encarada como uma paródia grosseira de um tema respeitado.
Ao olhar para esta obra era evidente para todos que a mulher representada não era uma deusa, mas uma prostituta.
Manet pintou um tema clássico, mas deu-lhe uma vertente mais moderna e profana ao substituir os deuses e as figuras mitológicas por personagens da sua época.

"As pinturas iniciais (de Manet) (...) combinam temas modernos e derivações autoconscientes das obras dos Velhos Mestres com pinceladas aciduladas, contrastes acentuados e justaposições estranhas, colocando a imagística realista em face dos prazeres estéticos formais de modo inteiramente novo. Não é de estranhar o facto de estas obras terem chocado muito os seus observadores, pois a incongruência do seu método e o seu tom sério transmitem alguma perplexidade". *

O desejo de pintar com uma técnica arrojada fez de Manet um modelo para os jovens artistas impressionistas, mas ao contrário destes, continuou a acreditar na prática da pintura de atelier, seguindo as teorias tradicionais como o desenho, os esboços e as composições cuidadosamente planeadas, não podendo, por isso, ser considerado um impressionista no verdadeiro sentido da palavra.

* Kemp, Martin - História da Arte no Ocidente - Ed. Verbo, Lisboa, 2000 (pág. 308)

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