... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

sábado, 15 de fevereiro de 2014

El Greco: de Itália a Espanha



No âmbito das comemorações do 4º centenário da morte de El Greco, o Museu Thyssen Bornemisza, Madrid, apresenta, até 2 de Março, uma exposição: El Greco. De Itália a Toledo, em que mostra os resultados técnicos realizados pela área de restauro sobre quatro obras do artista pertencentes à sua colecção: La Anunciación, c. 1576; Cristo abrazando la cruz, c.1587-1596; La Anunciación, c. 1596-1600 e La Inmaculada Concepción, c. 1608-1614.
O estudo destas obras através de análises químicas, radiografias e imagens infra-vermelhas permitiram aprofundar a evolução material e conceptual de El Greco nas duas etapas da sua vida: a italiana e a espanhola.
Na primeira etapa, El Greco manifesta a influência dos grandes mestres italianos, na segunda a sua pincelada torna-se mais solta, misturando empastes e velaturas sem ordem estabelecida.

Os últimos anos são o culminar de um estilo inconfundível e pessoal em que as figuras são apresentadas de forma alongada e manchada com toques impressionistas.



Cerca de duas décadas separam cada um destes três rostos de anjos pintados por El Greco: o primeiro pertence a uma Anunciação da sua etapa em Itália, por volta de 1576, o segundo é de outra Anunciação, já dos seus anos em Espanha, por volta de 1596-1600 e o último da Imaculada Conceição de 1608-1614.

Detalhes como este mostram a incrível mestria da técnica de El-Greco e a  sua progressiva evolução até uma pincelada cada vez mais solta.

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Fonte: Museo Thyssen- Bornemisza

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Os trabalhos de Eva Afonso





Eva Afonso
 S/ Título
2014
Óleo sobre tela, 55x46 cm

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Observando um Quadro ... de El Greco - nº 27


As pinturas sacras de El Greco, com figuras alongadas e paletas de cor exageradas, tornaram-no um pintor singular, facilmente reconhecível pelas suas características pictóricas. Mas a sua mestria pode ser também observada através dos retratos que executou.
E foi precisamente com os retratos que El Greco alcançou o reconhecimento que, na sua época, não conseguiu com o resto da sua obra. Com este reconhecimento obteve muitas encomendas dos seus contemporâneos.


El Greco
"O Cavaleiro com a mão no peito"
c. 1580
Óleo sobre tela, 81x66 cm
Museu do Prado, Madrid



Considerado tradicionalmente como um retrato de um desconhecido, há quem o atribua a D. Juan da Silva, notário-mor de Toledo e Cavaleiro da Ordem de Santiago.
É um dos melhores exemplos da retratística de El Greco, tendo sido realizado em Toledo no início da sua estada em Espanha.
Com este retrato, El Greco criou um modelo de nobre espanhol do século XVI, que, com a sua pose, afirma ao mesmo tempo a sua fé e a sua nobreza, assim como a vontade de defender ambas com a espada.
O pintor definiu um protótipo de retrato: um busto recortado sobre um fundo neutro, com roupagens escuras e com a luz concentrada, por um lado, no rosto e nas mãos, e por outro em pormenores de discreta ostentação.

El Greco, na obra "O Cavaleiro com a mão no peito" pretendeu imortalizar o momento do juramento, ritual efectuado durante a investidura do cavaleiro e reconhecível tanto na posição da mão direita, como na presença da espada.

Vamos então observar alguns pormenores do quadro.

O rosto:

O olhar penetrante e a forma alongada do rosto do Cavaleiro são certamente reminiscências da formação grega de marca bizantina do artista.

El Greco concentra a sua atenção no olhar penetrante e no rosto, isolando-o da obscuridade do fundo neutro através da gorjeira branca que absorve toda a luz nas suas rígidas pregas engomadas.



A mão:
Ao representar a mão no peito, El Greco sublinha o gesto de um juramento.

À mão direita no peito corresponde o ombro esquerdo, mais baixo, junto ao qual se pode ler a assinatura do pintor em caracteres gregos.


Podemos ainda vislumbrar uma medalha, suspensa num comprida e delicada corrente a aparecer discretamente entre as pregas da veste, o que indica a nobreza do Cavaleiro


A espada:

Outro pormenor precioso do quadro é o punho da espada, atributo de nobreza e, por isso, o retratado ser identificado como um Cavaleiro.
A execução do guarda-mão dourado da espada mostra a habilidade técnica do artista.


Este refinado objecto testemunha a tradicional produção artesanal de armas brancas e de espadas da cidade de Toledo.