Resposta ao Desafio anterior:
Futurismo
Os avanços tecnológicos e as descobertas científicas dos finais do séc. XIX e princípio do séc.XX influenciaram as mais diversas áreas culturais. Entre 1909 e 1916 publicaram-se mais de 50 manifestos que reflectiam as mudanças e o progresso vividos na sociedade. Surgiram manifestos de pintura, teatro, dança, literatura, cozinha ...
Em 1909, o escritor e poeta milanês Fillipo Tommaso Marinetti lançou, em Paris, no jornal "Le Figaro", um manifesto provocador, intitulado "Manifesto do Futurismo". Nele assume uma grande confiança no futuro, afirmando: " É da Itália que lançamos este nosso manifesto de uma violência subversiva e incendiária, com o qual fundamos hoje o futurismo, porque queremos libertar este país (Itália) da sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários". É sem dúvida uma censura ao tradicionalismo académico e ao passadismo da cultura burguesa, preconizando que a arte deveria ter uma relação muito estreita com a vida.
Em 1910 os pintores Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini lançaram o "Manifesto Técnico de Pintura Futurista" em que assinalaram a diferença entre a arte existente e aquela que pretendiam fazer, escrevendo: "os pintores (anteriores) mostram-nos sempre as coisas e pessoas colocadas à nossa frente. Nós colocamos o espectador dentro do quadro".
Os futuristas trazem a vida quotidiana para dentro dos quadros, muitos artistas o tinham feito antes, mas agora também o movimento e o ruído passaram a ser "visíveis". Os pintores deste movimento fragmentaram as telas em facetas, decompondo as imagens para transporem para os quadros o movimento e os barulhos urbanos. Glorificaram a velocidade e o seu principal objectivo era transmitir o dinamismo mecânico da vida contemporânea, chegando mesmo a afirmar que " ... um automóvel de corridas, um carro a acelerar ... é mais belo que a Vitória de Samotrácia".
Umberto Boccioni
"O Ruído da Rua penetra dentro de Casa"
1911
Óleo sobre tela, 70x75 cm
Sprengel Museum, Hanôver
Este foi o quadro que escolhi para o Desafio anterior.
Nele Boccioni transmite o movimento da rua: a energia dos operários a trabalhar nas obras empurra as casas para as extremidades do quadro, fazendo com que o espaço e a arquitectura se partam em pedaços, o que cria uma perspectiva original.
Além do movimento Boccioni quis também transpor para a tela o ruído, intitulando-a mesmo "O Ruído da Rua penetra dentro de Casa". Ao observar este quadro quase conseguimos ouvir os cascos dos cavalos a galopar na calçada, as pedras a saltar das pás dos trabalhadores, os martelos a bater, as donas de casa, debruçadas nas varandas, a chamar alguém que passa na rua. O ruído percorre a tela, tornando-se "visível".
Os futuristas tinham um grande fascínio pela técnica e pela velocidade e acreditavam que o homem dispunha, a partir daí, dos meios necessários para transformar o mundo.
Boccioni morreu durante a 1ª Guerra Mundial, muitas das esperanças num futuro melhor foram destruídas para esta geração.