Picasso é conhecido do grande público pela sua relação com o Cubismo, movimento de que foi co-fundador com Georges Braque, mas esta é apenas uma das fases criativas deste genial pintor.
Falecido há quase quarenta anos, foi um dos pintores mais marcantes do século XX. Pode ser recordado hoje, pelos milhares de quadros que pintou, pelos seus períodos azul, rosa ou surrealista, pelo imortal "Guernica", mas também pelo magnífico quadro da sua juventude: "Ciência e Caridade" (1897), tão pouco conhecido.
Esta obra parecia assegurar ao artista um futuro brilhante como pintor académico, mas tudo se alterou quando Picasso se integra na boémia de Barcelona, um dos centros artísticos de vanguarda da época.
Pablo Picasso (1881-1973) pintou "Ciência e Caridade", uma tela de grandes dimensões com apenas 16 anos, durante o seu período de formação, que na altura decorria em Barcelona na Escola de Belas Artes "La Lonja".
É espantosa a maturidade da pintura deste jovem, que constrói uma composição de género com esta solidez.
Pablo Picasso
"Ciência e Caridade"
Óleo sobre tela - 197x249,5cm
1897
Museu Picasso, Barcelona
A Ciência é representada pelo médico, do qual transparece uma atitude ética e afectuosa, segurando a mão cianosada da mulher moribunda, vítima de tuberculose.
A Caridade é simbolizada por uma religiosa que com uma mão oferece chá à doente, ao mesmo tempo que ampara e protege uma criança que em breve ficará só no mundo.
A posição oblíqua da cama dá profundidade ao quadro, aumentando-lhe o dramatismo.
Picasso não dispunha de dinheiro para contratar modelos. O seu pai, ele próprio professor de desenho e pintura, serviu de modelo para a figura do médico. A irmã do pintor posa como a paciente moribunda e a criança foi alugada a uma mendiga em troca de dez pesetas. A freira, foi um adolescente anónimo.
Esta magnífica obra ganhou uma menção honrosa na Exposição Nacional de Arte de Madrid, o que facilitou a admissão de Picasso na Academia Real de Artes São Fernando, em Madrid. Também recebeu a medalha de ouro na Exposição Provincial de Belas-Artes de Málaga e é hoje uma das peças mais importantes do acervo do Museu Picasso, em Barcelona.
A observação do quadro "Ciência e Caridade" ilustra a afirmação de Picasso:
"Quando era criança pintava como os clássicos e levei a vida inteira a aprender a pintar como as crianças".
sábado, 24 de julho de 2010
sábado, 17 de julho de 2010
terça-feira, 13 de julho de 2010
Retrato (s) ... Auto-retrato de Velázquez
Ir a Madrid é sempre um prazer e visitar o Museu do Prado um deslumbramento, principalmente agora que este museu abriu mais salas dedicadas a Velázquez.
A obra de Velázquez está, desde Junho, organizada cronologicamente e por temas em sete salas.
No entanto, apesar das mudanças introduzidas, o quadro "As Meninas" continua a presidir a grande sala basilical, no núcleo - Velázquez, O Retrato Real.
"As Meninas" é um quadro que tem associado a si o nome do seu autor, referimo-nos a ele como "As Meninas" de Velázquez.
Este artista, ao serviço dos reis de Espanha, pintava por encomenda temas religiosos e retratos de gente da corte, sendo este o caso.
Não se sabe exactamente para quê e por quê foi executado este quadro, mas sabemos identificar com exactidão tudo o que ele nos revela.
O pintor, nesta tela monumental, apresenta uma composição extremamente elaborada, nela visualizamos vários núcleos. Ao centro vemos a princesa Margarida (filha dos reis de Espanha e possível herdeira ao trono), rodeada por duas meninas (damas de honor), Dona Isabel de Velasco à direita e Dona Maria Agustina Sarmiento do Sotomayor à esquerda. Em primeiro plano à direita estão retratados a anã Mari-Bárbola e Nicolás de Pertusato que brinca com um cão sonolento. Atrás encontram-se Dona Marcela de Ulloa - camareira-mor e Dom Diego Ruiz Axcona - guarda-damas. Ao fundo vemos Dom José Nieto Velázquez que levanta levemente a cortina, deixando a luz penetrar no aposento real, transformado em atelier do artista. Ao centro, atrás da princesa, vemos um espelho reflectindo as figuras dos reis de Espanha, Filipe IV e Mariana de Austria. Finalmente, à esquerda, perto da tela alta, encontramos o próprio pintor - Diego Rodriguez de Silva y Velázquez (1599-1660).
Quis apresentar este quadro precisamente pelo auto-retrato de Velázquez.
O artista pinta-se em frente da tela enorme, com pincel e paleta nas mãos. O pincel sai levemente da paleta e o olhar do pintor, em vez de se orientar para a tela, dirige-se para o observador. Parece que o está a retratar.
Mas afinal quem está a ser retratado nesta tela tão grande?
Os reis de Espanha, que vemos reflectidos no espelho e colocados no mesmo plano do observador?
Não sabemos ao certo.
Mas verificamos que Velázquez, provavelmente colocou o casal real num espaço invisível em frente ao quadro, onde nos encontramos como espectadores e apenas o torna visível através do seu reflexo no espelho, enquanto que se coloca a si próprio no interior do quadro, bem visível, dominando toda a encenação que criou.
Velázquez, neste quadro, demonstra o seu extraordinário estatuto como artista da corte de Filipe IV de Espanha.
Poderíamos dizer como o pintor Édouard Manet, que durante uma temporada em Madrid (1865) e após uma visita ao Museu do Prado, escreveu ao seu amigo, o pintor Henri Fantin-Latour - "Velázquez, por si só, justifica a viagem. Os pintores de todas as escolas que o rodeiam, no museu de Madrid, parecem simples aprendizes. É o pintor dos pintores"
A obra de Velázquez está, desde Junho, organizada cronologicamente e por temas em sete salas.
No entanto, apesar das mudanças introduzidas, o quadro "As Meninas" continua a presidir a grande sala basilical, no núcleo - Velázquez, O Retrato Real.
"As Meninas" é um quadro que tem associado a si o nome do seu autor, referimo-nos a ele como "As Meninas" de Velázquez.
Este artista, ao serviço dos reis de Espanha, pintava por encomenda temas religiosos e retratos de gente da corte, sendo este o caso.
Não se sabe exactamente para quê e por quê foi executado este quadro, mas sabemos identificar com exactidão tudo o que ele nos revela.
O pintor, nesta tela monumental, apresenta uma composição extremamente elaborada, nela visualizamos vários núcleos. Ao centro vemos a princesa Margarida (filha dos reis de Espanha e possível herdeira ao trono), rodeada por duas meninas (damas de honor), Dona Isabel de Velasco à direita e Dona Maria Agustina Sarmiento do Sotomayor à esquerda. Em primeiro plano à direita estão retratados a anã Mari-Bárbola e Nicolás de Pertusato que brinca com um cão sonolento. Atrás encontram-se Dona Marcela de Ulloa - camareira-mor e Dom Diego Ruiz Axcona - guarda-damas. Ao fundo vemos Dom José Nieto Velázquez que levanta levemente a cortina, deixando a luz penetrar no aposento real, transformado em atelier do artista. Ao centro, atrás da princesa, vemos um espelho reflectindo as figuras dos reis de Espanha, Filipe IV e Mariana de Austria. Finalmente, à esquerda, perto da tela alta, encontramos o próprio pintor - Diego Rodriguez de Silva y Velázquez (1599-1660).
Quis apresentar este quadro precisamente pelo auto-retrato de Velázquez.
O artista pinta-se em frente da tela enorme, com pincel e paleta nas mãos. O pincel sai levemente da paleta e o olhar do pintor, em vez de se orientar para a tela, dirige-se para o observador. Parece que o está a retratar.
Mas afinal quem está a ser retratado nesta tela tão grande?
Os reis de Espanha, que vemos reflectidos no espelho e colocados no mesmo plano do observador?
Não sabemos ao certo.
Mas verificamos que Velázquez, provavelmente colocou o casal real num espaço invisível em frente ao quadro, onde nos encontramos como espectadores e apenas o torna visível através do seu reflexo no espelho, enquanto que se coloca a si próprio no interior do quadro, bem visível, dominando toda a encenação que criou.
Velázquez, neste quadro, demonstra o seu extraordinário estatuto como artista da corte de Filipe IV de Espanha.
Poderíamos dizer como o pintor Édouard Manet, que durante uma temporada em Madrid (1865) e após uma visita ao Museu do Prado, escreveu ao seu amigo, o pintor Henri Fantin-Latour - "Velázquez, por si só, justifica a viagem. Os pintores de todas as escolas que o rodeiam, no museu de Madrid, parecem simples aprendizes. É o pintor dos pintores"
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Exposição de Pintura de Eva Afonso
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Os trabalhos de Eva Afonso
sexta-feira, 2 de julho de 2010
A não perder... a Exposição: "O Jardim das Maravilhas" de Joan Miró
Hoje inaugurou-se, pelas 18h, no Centro Cultural Palácio do Egipto, em Oeiras, a Exposição "O Jardim das Maravilhas" de Joan Miró ( 1893-1983 ).
Esta Exposição mostra-nos sobretudo a obra gráfica de Miró, nela são apresentados trabalhos realizados a partir de 1969, em Palma de Maiorca.
A autoria de muitas obras de Miró é facilmente identificável pela imagética (composição, traço, cor, movimento) que nos encanta por ser uma "arte lúdica", mas que é enganadoramente infantil.
Miró foi contemporâneo de correntes pictóricas como o fauvismo, o cubismo, o surrealismo, mas foi criando a sua própria linguagem, observando o Mundo e retratando-o como o teria feito o homem primitivo ou uma criança, mas com os olhos do homem maduro com preocupações e visão do século XX.
A partir de hoje até 26 de Setembro poderão ser vistas oitenta e cinco obras deste artista, no Palácio do Egipto, Oeiras.
É uma Exposição a não perder ...
( Um dia, prometo, voltarei a escrever sobre Miró, um dos meus pintores preferidos. )
Esta Exposição mostra-nos sobretudo a obra gráfica de Miró, nela são apresentados trabalhos realizados a partir de 1969, em Palma de Maiorca.
A autoria de muitas obras de Miró é facilmente identificável pela imagética (composição, traço, cor, movimento) que nos encanta por ser uma "arte lúdica", mas que é enganadoramente infantil.
Miró foi contemporâneo de correntes pictóricas como o fauvismo, o cubismo, o surrealismo, mas foi criando a sua própria linguagem, observando o Mundo e retratando-o como o teria feito o homem primitivo ou uma criança, mas com os olhos do homem maduro com preocupações e visão do século XX.
A partir de hoje até 26 de Setembro poderão ser vistas oitenta e cinco obras deste artista, no Palácio do Egipto, Oeiras.
É uma Exposição a não perder ...
( Um dia, prometo, voltarei a escrever sobre Miró, um dos meus pintores preferidos. )
Subscrever:
Mensagens (Atom)