Hoje é Dia de Reis e manda a tradição que se comam alguns bagos de romã.
Maluda
"Romã"
1984
Os múltiplos bagos vermelhos, brilhantes, quase vítreos, vislumbrados entre rasgos de casca que estalou, são um apelo aos nossos sentidos.
Este fruto, símbolo de fertilidade, abundância e prosperidade surge em muitas naturezas-mortas.
Joris Van Son (1623-1667)
Pormenor do quadro "Nature-morte d´apparat à la colonne"
c. 1662
Colecção do Barão Samuel von Brukenthal
Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875)
"Natureza-Morta"
c. 1871-1872
Gustave Courbet (1819-1877)
"Natureza-morta com maçãs e romãs"
c. 1871-1872
The National-Gallery, Londres
As romãs trazem-me sempre a lembrança da casa da minha bisavó materna, onde havia, no quintal, junto à porta da cozinha, uma árvore de pequeno porte, mas que em determinada época do ano (que na altura, devido à minha pouca idade, não conseguia identificar) se enfeitava com uns estranhos frutos que tinham coroas como as princesas...
Na casa da minha bisavó contavam-se muitas histórias de reis e rainhas, fadas e heróis, lendas e adivinhas ... o que eu gostava de ouvir as minhas tias-avós dizer adivinhas! ... sobretudo aquela que perguntava :
"De Roma veio meu nome,
com coroa nasci.
Tive mil filhinhos,
e todos de vermelho os vesti."
Ah! ... fingia sempre que não a conhecia (depois de a ouvir dezenas de vezes) e exclamava como se tivesse descoberto a resposta: É a romã !!!
No Dia de Reis abriam-se romãs e comiam-se alguns bagos, pedindo aos Reis Magos, Baltazar, Belchior e Gaspar: saúde, paz, amor e dinheiro.
Cortavam-se as coroas das romãs e colocavam-se, até ao ano seguinte, na gaveta onde se guardava o dinheiro, para que este não faltasse.
Não sei se resultava, mas em tempos tão difíceis era bom que a tradição ainda fosse o que era.
Não custa nada tentar ...
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
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