... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Desafios ... Resposta: Caspar David Friedrich

Resposta do post anterior:

Pintor - Caspar David Friedrich

Caspar David Friedrich (1774-1840), pintor alemão da época romântica.

A geração que cresce após as Guerras Napoleónicas e o Congresso de Viena, vive um novo ideal. Os temas tradicionais do classicismo são substituídos pelo mundo íntimo do artista.
A Alemanha desde 1770 conheceu uma corrente precursora do romantismo, o Sturm und Drang (tempestade e íntimo), que foi uma reacção ao racionalismo que o iluminismo do século XVIII defendia, assim como ao classicismo francês.
O movimento romântico surge inicialmente na literatura e na filosofia, mas rapidamente se estende à pintura e os pintores adoptam os pensamentos de Schelling, Fichte, Tieck e Schlegel que se opunham criticamente ao racionalismo do iluminismo e a obra de arte rapidamente se transforma "na voz interior", segundo a expressão de Caspar David Friedrich.
Segundo a filosofia da natureza de Schelling, os pintores passam a pesquisar os segredos do mundo, de acordo com a sua própria intuição e emoção. O tema preferido passa a ser a pintura de paisagens, mas em que a natureza é pintada com os reflexos que incutia na sensibilidade do pintor.
O conceito estético de Sublime, surgiu no século XVIII, transcende o de belo e pitoresco e serve para descrever o "estado de alma" que certas paisagens provocam.
O Sublime é a reacção natural de qualquer ser humano perante um objecto de extrema grandiosidade, como a extensão infinita do oceano, a imponência de uma montanha ou a solidão da floresta e que lhe provoca, simultaneamente, medo e prazer.


A obra de Caspar David Friedrich "Viajante observa um mar de bruma" é um verdadeiro manifesto ao romantismo. Nela encontramos o repertório iconográfico da época romântica: figuras solitárias e indefesas diante das forças da natureza.


Quadro - "Viajante observa um mar de bruma"
Óleo sobre tela, 98,4x74,8cm
1817 /18
Hamburgo, Hamburger Kunsthalle


Em primeiro plano está representado um monte escarpado pontiagudo e escuro onde, de pé, um viajante de costas para o observador, olha fixamente o horizonte longínquo.
Bem lá longe, surgem montanhas sobre nuvens de nevoeiro que se elevam das profundezas e das rochas áridas e aguçadas que emergem aqui e ali.
Mas o pintor não se limita a representar a natureza tal como ela é, dá-lhe um significado expresso através de símbolos: o homem de costas olha para um ponto inatingível e o que vê é, ao mesmo tempo, algo exterior e a projecção do seu eu.
Esta figura solitária tem uma dupla função na composição da obra, por um lado, marca a escala de grandeza, onde é reconhecida a superioridade da natureza e por outro lado, marca o ponto de contemplação, pois não estamos somente a olhar para uma paisagem, estamos a também a contemplar a experiência de um indivíduo perante a grandeza da natureza.
A pintura romântica pretende integrar o observador na obra, tal como as personagens, geralmente de costas, o observador contempla as paisagens distantes que se estendem à sua frente.
O próprio quadro transforma-se num espelho, em que o observador se quiser ver, para além de uma simples paisagem, terá de lhe dar um significado mais profundo, segundo as suas emoções.

Deixo-vos com algumas obras deste pintor:


"O caçador na floresta"
1814
Óleo sobre tela, 66x47cm
Colecção privada


"Os penhascos de Rügen"
c. 1818
Óleo sobre tela, 90,5x71cm
Museu Oskar Reinhart am Stadtgarter


"Mulher diante da aurora"
c. 1818/ 20
Óleo sobre tela, 22x30cm
Museu Folkwang, Essen


"A árvore com corvos"
c.1822
Óleo sobre tela, 59x73cm
Museu du Louvre, Paris


"A lua nasce no mar"
c.1822
Óleo sobre tela, 55x71cm
Nationalgalerie, Berlin



"Homem e mulher contemplando a lua"
c. 1824
Óleo sobre tela, 34x45cm
Nationalgalerie, Berlin

Sem comentários:

Enviar um comentário