... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

terça-feira, 4 de março de 2014

Viva o Carnaval!



Não sei se já escrevi que não aprecio a época carnavalesca, mas aqui fica expresso.

Não consigo perceber os desfiles de escolas de samba em Portugal, em que meninas semi-nuas fustigadas pelo vento, pelo frio e quantas vezes pela chuva, se bamboleiam e saracoteiam para manterem a temperatura corporal em níveis compatíveis com a sobrevivência.
Outro fenómeno que  sempre me intrigou é o aparecimento das matrafonas, em que os homens se transfiguram em seres completamente grotescos. Parece que nesta época um ser superior asperge pós de transfiguração e ... é ver aparecerem os toureiros e as sevilhanas, as princesas e os zorros por todo o lado.
Mas qual o interesse de "todos", no Carnaval, quererem  parecer o que não são , se durante todo o ano alguns andam mascarados de Lobo Mau e a maioria de Capuchinho Vermelho?
E então eu imagino as quatro meninas do quadro de Francisco de  Goya mascaradas de Capuchinhos Vermelhos, atirando os espantalhos ao ar.

Francisco de Goya
"O Espantalho"
1791-1792
Óleo sobre tela, 267x160 cm
Madrid, Museo del Prado


O Carnaval é sátira.
E também Francisco de Goya satiriza nesta obra.

É um jogo, uma brincadeira carnavalesca da sua época, em que quatro jovens mulheres, segurando as pontas de um cobertor, atiram um homem ao ar fazendo dele "gato-sapato".
Aqui elas vingam-se da crueldade a que estão submetidas.
Goya, ao longo da sua vida, foi-se cada vez mais preocupando com a forma como as pessoas tratam o seu semelhante.



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