... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

domingo, 12 de agosto de 2012

O Verão - Giuseppe Arcimboldo

Após  alguns dias da ausência volto ao contacto com todos aqueles que me derem o prazer da sua visita a este blogue.
Obrigada !
São nestes dias longos, longos de luminosidade, pois o solstício de Verão os torna assim tão duradouros, que parece que o tempo não tem tempo.

Eram esses longos dias de Verão, que pareciam não ter fim, que eu adorava assim que terminavam as aulas.
Maravilhosas férias grandes!
 Era o tempo do sol escaldante, da fruta madura e doce, dos figos colhidos bem cedo, das uvas de tão doces, picavam na garganta, das maçãs que perfumavam as casas, das amoras silvestres que, encostadas aos muros de pedra solta, presenteavam quem  passava…

O Verão é assim, tempo de prazer .
Não será por isso que o escolhemos para férias?


Giuseppe Arcimboldo
"O Verão"
1573
Óleo sobre tela - 76x64 cm
Museu do Louvre, Paris

E o Verão chegou!

Mas Giuseppe Arcimboldo, autor deste quadro, não se extasiou apenas com o Verão, pois pintou um conjunto  de quatro quadros sobre as quatro estações do ano.

O tema foi várias vezes repetido por este pintor para a corte imperial de Viena e Praga.
Giuseppe Arcimboldo (1527-1593) nasceu e faleceu na cidade de Milão. Iniciou a sua formação artística junto do seu pai, tornando-se depois conhecido pelos trabalhos que realizou na catedral de Milão.
Em 1562 foi para Praga a convite de Fernando I, para retratar a família imperial.
É precisamente ao serviço de Fernando I que Arcimboldo iniciou a sua série das quatro estações (1563), apresentando um estilo original e completamente surpreendente. São imagens curiosas, por vezes bizarras, alegorias descritas pelo historiador de arte italiano Giovanni Paolo Lomazzo (L'Idea del Tempio della Pittura, Milão, 1590) como" teste composte" (cabeças compostas) pela justaposição de frutos, flores, legumes, vegetais, peixes e até mesmo livros ou um canhão.
Nestas "cabeças compostas", os elementos são pintados individualmente, é uma pintura exacta de frutos, flores e objectos, podendo considerar-se uma pintura com características de natureza-morta.
Giuseppe Arcimboldo pintou a sua primeira série das quatro estações em 1563 e ofereceu-a a Maximiliano II em 1569. Deste conjunto original restam apenas o Inverno e o Verão, expostos em Viena.
Das várias versões a que ficou mais conhecida é aquela que se encontra no Museu do Louvre e a que pertence o quadro acima apresentado. Foi executada a pedido do Imperador  Maximiliano II para oferecer ao Eleitor Augusto da Saxónia. Esta versão distingue-se da primeira porque Arcimboldo lhe acrescentou uma moldura floral.
Arcimboldo eternizou a passagem do tempo nas quatros estações do ano:
O Inverno grotesco, cheio de ramos despidos, adornado por ácidos limões; a Primavera florida e alegre numa face jovem; o Verão de rosto robusto, onde sobressaem a abundância das espigas de trigo; e finalmente o Outono que irrompe   de umas tábuas, fazendo lembrar as pipas, ou não fosse o Outono o tempo das vindimas... 

Inverno

Primavera

Outono
Mas foi o Verão, de doces frutos maduros, que me trouxe até  Giuseppe Arcimboldo!

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