... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A não perder ... Exposição de José Escada

Visitei há algumas semanas uma exposição do pintor José Escada (1934-1980), no Centro de Arte-Colecção Manuel de Brito, Palácio Anjos/Algés, que vai estar patente até dia 2 de Outubro.

Esta exposição mostra um conjunto considerável de obras, mais de 70 de 1951 a 1979, percorrendo as várias fases do pintor.
Mas a obra de José Escada, apesar desta exposição, permanece ainda desconhecida e a necessitar de um trabalho de pesquisa e apresentação/divulgação mais vasto.

José Escada começou como artista por volta dos anos 50, nesta fase a sua obra aproxima-se de Jean Bazaine e Alfred Manessier pela abordagem que estes pintores fizeram à arte religiosa. Nos anos 60, quando já estava emigrado/exilado em Paris admirou Paul Klee e Matisse e na sua fase de realismo simbólico aproximou-se da Gauguin.
Segundo Eurico Gonçalves "O trajecto estético de José Escada passa pelo informalismo
gestual , a pintura-desenho de signos-neofigurativos a caligrafias em relevo, recortadas em cartolina e material plástico de cor translúcida, antes de desembocar no realismo poético, autobiográfico e intimista, da sua derradeira fase".

Fiquei interessada em conhecer a obra deste artista que tão precocemente deixou a vida (aos 46 anos).
Mas como escreveu António Alçada Baptista, seu amigo, "Para os que julgam que ele acabou no desespero, posso assegurar que, cada vez mais despojado das coisas, morreu na esperança e que, com ela, manteve até ao fim o olhar, a curiosidade e a inquietação da infância".

Foi este olhar, esta curiosidade e esta inquietação que encontrei tanto nos trabalhos a tinta da china, como nos com jogos de cor e formas simétricas que se repetem, repetem ...
Mas as minhas emoções explodiram numa pequena sala, tão intimista, quase um relicário, onde estão expostas as obras que mais me sensibilizaram: "Rosácea", "A levitação", "Pensando em Chartres" ...

Esta é uma exposição a não perder...


José Escada
"Pensando em Chartres"
Óleo sobre tela - 32x46cm
1971

Referências:

"Repetir transformando" - José Luis Porfírio - Suplemento Atual do Semanário Expresso - 6/8/2011;
"O senhor dos papéis" - Cláudia Almeida - Revista Visão - 8/9/2011;
"José Escada no CAMB - Centro de Arte Manuel de Brito" - Catálogo da Exposição;
"José Escada" - Folheto Informativo da Exposição

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