... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

sábado, 20 de abril de 2013

Exposição de Pintura de Eva Afonso




Exposição de pintura no átrio do Hospital Rainha Santa Isabel, em Torres Novas.

Acabei de chegar de Torres Novas!
Esteve um dia lindo, depois deste Inverno prolongado já não era sem tempo, mas nada de queixumes que nisto da natureza mandamos pouco, a não ser quando a estragamos.
Fui inaugurar uma exposição dos meus trabalhos, tirei algumas fotografias que não me saíram muito bem, mas dão para vos mostrar o espaço, que por sinal é muito simpático e alguns dos trabalhos.

 Se passarem por Torres Novas ficam convidados para visitar esta minha exposição, que vai estar patente até dia 4 de Maio.













segunda-feira, 15 de abril de 2013

Os trabalhos de Eva Afonso






Eva Afonso
"Entardecer"
2012
Óleo sobre tela , 46x61 cm


terça-feira, 9 de abril de 2013

Joan Miró


Joan Miró
"O Carnaval de Arlequim"
1924-25
Óleo sobre tela, 66x93 cm
Albright-Knox Art Gallery,
Buffalo (Nova Iorque)


Joan Miró
"Bailarina"
1925
Óleo sobre tela, 115,5x88,5 cm
Colecção Rosengart, Lucerna


Joan Miró
" Cão ladrando à Lua"
1926
Óleo sobre tela, 73x92 cm
Philadelphia Museum of Art, Filadélfia


Joan Miró
"Personagem atirando uma pedra a um pássaro"
1926
Óleo sobre tela, 73x92 cm
The Museum of Modern Art, Nova Iorque


Joan Miró
"O sorriso das asas flamejantes"
1953
Óleo sobre tela, 33x46 cm
Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid


Joan Miró
"O Ouro do Azul"
1967
Óleo sobre tela, 205x173 cm
Fundação Joan Miró, Barcelona



"Se há alguma coisa divertida na minha pintura é algo que não procurei conscientemente.
Este humor vem da necessidade de fugir ao lado trágico do meu temperamento.
É uma reacção involuntária"
                                                                         Miró

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A não perder ... uma visita ao Rijksmuseum em Amesterdão



No próximo dia 13 de Abril vai reabrir o famoso Rijksmuseum de Amesterdão, após uma década de obras de remodelação e restauro.






Atrás da fachada antiga vai poder visitar quatro andares completamente remodelados, com muitas salas, cerca de 80, com mais luz, vários ateliers de restauro, um maravilhoso jardim e um pavilhão dedicado à arte asiática.
Nele vai poder observar cerca de oito mil obras que mostram a história da Holanda desde a Idade Média à actualidade.
Numa galeria central vão estar expostas obras de grandes pintores como Vermeer, Frans Hals, Jan Steen , Rembrandt  ...

Que maravilha!!




Rembrandt
"A Ronda da Noite"
1640-42



Vermeer
"Mulher de Azul lendo uma carta"
c. 1662-64
 


Van Gogh
"Auto-retrato com chapéu de feltro cinzento"
1886-87



No jardim vão decorrer, durante o Verão,  exposições de escultura. Este ano foram escolhidas para expor a partir de 21 de junho, obras de Henry Moore.

Mas a cereja no topo do bolo para os amantes de Arte é o  Museu Virtual: com um acervo de 125 mil obras do Rijksmuseum que esta instituição vai pôr gratuitamente na internet. Podem ser descarregadas, imprimidas, copiadas, utilizadas em diversas funções.
Tudo isto é possível fazer a partir do site: https:/www.rijksmuseum.nl/en/rijksstudio .


sábado, 30 de março de 2013

Votos de Feliz Páscoa




Francisco de Zurbarán
"Agnus Dei"
c. 1635-40
Óleo sobre tela, 36x62 cm
Museu Nacional del Prado, Madrid




Para todos uma Páscoa Feliz !

 

sexta-feira, 29 de março de 2013

Zurbarán retrata o padroeiro dos pintores




Francisco de Zurbarán
"Cristo na cruz com São Lucas"
c. 1635-1640
Óleo sobre tela, 105x84 cm
Museu do Prado, Madrid



Nesta tela Zurbarán surpreende-nos tanto pela composição como pelo conteúdo, nela parece ter dado largas ao seu prazer em pintar este tema.
Pela primeira vez na história da pintura  São Lucas surge  diante da cruz de Jesus.
O santo aparece com uma paleta na mão, dirigindo um olhar piedoso para Jesus, mas decidido a pintá-lo.
Este santo é o padroeiro dos  pintores pois, segundo a lenda, ele pintou o retrato da Virgem com o Menino.  Há quem defenda que Zurbarán se auto-retratou na figura de São Lucas. 





quinta-feira, 28 de março de 2013

A finitude da vida - Vanitas


Se Cristo morreu na cruz para salvar os homens, os homens devem perceber que a sua existência é finita e viver a vida com  humildade.
Foi este sentimento que grande número de naturezas-mortas, Vanitas, procurou realçar.
A vaidade  humana, a natureza efémera da vida e a contemplação dos verdadeiros valores cristãos foram temas predominantes deste género artístico.
Nos finais do século XVI e no século XVII muitas obras traziam, através dos objectos que apresentavam, uma mensagem muito clara: "Lembra-te que vais morrer"; é uma reacção à arte que mostrava a riqueza e os bens terrenos.

Harmen Steenwijk
Natureza-morta Vanitas
c. 1640-1650
Óleo sobre madeira, 58,9x74 cm
Museu Stedelijk `De Lakenhal´, Leiden

A caveira, os livros e a fruta comida por vermes identificam esta pintura como uma representação alegórica do carácter finito de qualquer existência.
Atrás da caveira está um poste de madeira ligado a uma trave que é parcialmente oculta pela margem superior do quadro. Podemos ver aqui uma referência à cruz de Cristo.



quarta-feira, 27 de março de 2013

Hieronymus Bosch - Ecce Homo



Nestes dias que antecedem a Ressurreição de Cristo, como não relembrar o longo caminho que O levou ao Calvário e que tem sido representado, vezes sem conta, por artistas de todas as épocas?




Hieronymus Bosch
"Ecce Homo"
1515/1516
Óleo sobre madeira, 74,1x81 cm
Museum voor Schone Kunsten, Ghent

Este trabalho de Hieronymus Bosch aborda o tema da humilhação pública de Cristo, de modo a provocar a simpatia e a identificação do observador, com a sofrimento de Jesus.
Jesus aparece rodeado por um conjunto de personagens que mostram sentimentos de desprezo e alegria perante  o sofrimento alheio. As faces deformadas destes verdugos manifestam grande crueldade e ignorância.

domingo, 17 de março de 2013

Os trabalhos de Eva Afonso




Eva Afonso
"Palácio de Monserrate" - Sintra
2013
Óleo sobre tela - 50x65 cm 

quarta-feira, 6 de março de 2013

A "Art Brut" de Jean Dubuffet



Da vasta colecção do Musée National d´Art Moderne - Centre Georges Pompidou em Paris, fazem parte obras de pintores como Georg Grosz, Matisse, Picasso, Georges Braque, Kandinsky, Malévitch, Paul Klee,  Duchamp, Mondrian, Otto Dix, Miró, Bacon ou Pollock, grandes nomes da pintura mundial.
Mas foi uma obra de Jean Dubuffet que, há mais de 20 anos, fez a capa do catálogo deste Museu e é sobre este pintor que me vou deter neste post.



Jean Dubuffet nasceu em 1901 no Havre e morreu em 1985 em Paris.
Iniciou a sua formação artística na Escola de Belas-Artes no Havre e completou-a na Académie Julian em Paris. Durante alguns anos dedicou-se à pintura, até que cheio de dúvidas questionou a sua arte e abandonou a carreira artística.
Em 1942 retomou a sua actividade artística, manifestando-se, no entanto, contra a "cultura asfixiante" tanto através da pintura como da escrita. Jean Dubuffet duvida de todo o academismo, rejeita o elitismo em arte, recusa tudo o que cerceia a criatividade, por isso, vira as costas à arte dos museus e procura as suas referências culturais nas artes primitivas, no desenho das crianças ou na produção da "Arte Bruta".
Em 1948 cria, com outros pintores, a Companhia da Arte Bruta, usando o termo "L´Art Brut" para descrever a arte dos doentes mentais, das crianças ou mesmo das pessoas sem formação artística.
Jean Dubuffet dá a maior importância aos materiais, usa-os de forma crua e rude. Tritura "massas" (pastas, barro, asfalto, areia ...) usando-as de modo a criar relevos, traços impulsivos e figurações elementares.

" ... a arte de Dubuffet é na verdade "crua" ; (...) Se a sua obra se limitasse a imitar a arte bruta das crianças e dos loucos, não iriam estas convenções, por ele criadas, limitá-lo tanto como as da elite artística? Parece-nos que sim (...) ." *

Na  obra Le Metafisyx, da série Corps de Dame,  " a tinta é tão espessa e opaca como uma camada de gesso e os traços que articulam o corpo compacto são riscados nessa superfície como grafitti feitos por mão experiente." *

Jean Dubuffet
"Le Metafisyx"
1950
Óleo sobre tela, 116x89 cm
Musée National d´Art Moderne, Paris


" Mas as aparências podem enganar; a fúria e concentração do ataque deveriam bastar para nos convencer de que a fêmea demoníaca não é "coisa que qualquer criança pode fazer". Numa eloquente declaração, o artista explicou a finalidade de imagens como esta: " O corpo feminino... está há muito associado a uma noção especiosa de beleza ... que eu acho miserável e deprimente. Certamente que sou pela beleza , mas não aquela ... Tenciono varrer, sem hesitações, tudo aquilo em que nos têm ensinado a acreditar, como graça e beleza, e  substituí-lo por uma outra beleza, mais vasta (...) . Gostaria que as pessoas vissem a minha obra como uma tentativa de reabilitação de valores desdenhados..." * 


Mas voltando à obra de Dubuffet, que  fez capa do catálogo do Museu Nacional de Arte Moderna, em Paris ...
 Foi ao olhar para ela que decidi escrever sobre este artista.



Jean Dubuffet
" Rue Passagère"
1961
Óleo sobre tela, 129x161 cm
Musée National d´Art Moderne, Paris

Esta obra, datada de 1961, foi executada depois de um período em que Dubuffet experimentou vários materiais aos quais juntava a pintura a óleo.
Nela podemos ver as características da Arte Bruta: a vivacidade das cores, a falta de perspectiva, a espontaneidade do traço ... A Rue Passagère é um prenúncio do ciclo Hourloupe, iniciado em 1962 e concluído em 1974 em que de forma muito gráfica usou a cor na sua forma mais simples ( o vermelho, o branco e o azul), a figura humana e as multidões.





* Janson, H.W. - História da Arte, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1977

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Os trabalhos de Eva Afonso




Eva Afonso
"Vaso com flores silvestres"
2012
Óleo sobre tela, 65x50 cm



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Desafios ... Resposta - Futurismo


Resposta ao Desafio anterior: Futurismo

Os avanços tecnológicos e as descobertas científicas dos finais do séc. XIX e princípio do séc.XX influenciaram as mais diversas áreas culturais. Entre 1909 e 1916 publicaram-se mais de 50 manifestos que reflectiam as mudanças e o progresso vividos na sociedade. Surgiram manifestos de pintura, teatro, dança, literatura, cozinha ...
Em 1909, o escritor e poeta milanês Fillipo Tommaso Marinetti lançou, em Paris, no jornal "Le Figaro", um manifesto provocador, intitulado "Manifesto do Futurismo". Nele assume uma grande confiança no futuro, afirmando: " É da Itália que lançamos este nosso manifesto de uma violência subversiva e incendiária, com o qual fundamos hoje o futurismo, porque queremos libertar este país (Itália) da sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários". É sem dúvida uma censura ao tradicionalismo académico e ao passadismo da cultura burguesa, preconizando que a arte deveria ter uma relação muito estreita com a vida.

Em 1910 os pintores Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini lançaram o "Manifesto Técnico de Pintura Futurista" em que assinalaram a diferença  entre a arte existente e aquela que pretendiam fazer, escrevendo: "os pintores (anteriores) mostram-nos sempre as coisas e pessoas colocadas à nossa frente. Nós colocamos o espectador dentro do quadro".
Os futuristas trazem a vida quotidiana para dentro dos quadros, muitos artistas o tinham feito antes, mas agora também o movimento e o ruído passaram a ser "visíveis". Os pintores deste movimento fragmentaram as telas em facetas, decompondo as imagens  para transporem para os quadros o movimento e os barulhos urbanos. Glorificaram a velocidade e o seu principal objectivo era transmitir o dinamismo mecânico da vida contemporânea, chegando mesmo a afirmar que " ... um automóvel de corridas, um carro a acelerar ... é mais belo que a Vitória de Samotrácia".



Umberto Boccioni
"O Ruído da Rua penetra dentro de Casa"
1911
Óleo sobre tela, 70x75 cm
Sprengel Museum, Hanôver

Este  foi o quadro que escolhi para o Desafio anterior.
Nele Boccioni transmite o movimento da rua: a energia dos operários a trabalhar nas obras empurra as casas para as extremidades do quadro, fazendo com que o espaço e a arquitectura se partam em pedaços, o que cria uma perspectiva original.
Além do movimento Boccioni  quis também transpor para a tela o ruído, intitulando-a mesmo "O Ruído da Rua penetra dentro de Casa". Ao observar este quadro quase conseguimos ouvir os cascos dos cavalos a galopar na calçada, as pedras a saltar das pás dos trabalhadores, os martelos a bater, as donas de casa, debruçadas nas varandas, a chamar alguém que passa na rua. O ruído percorre a tela, tornando-se "visível".

Os futuristas tinham um grande fascínio pela técnica e pela velocidade e acreditavam que o homem dispunha, a partir daí, dos meios necessários para transformar o mundo.
Boccioni morreu durante a 1ª Guerra Mundial, muitas das esperanças num futuro melhor foram destruídas para esta geração.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Desafio ...


Mantenho neste blogue uma secção que denominei "Desafios", por isso, uma vez por outra lanço um novo repto.

O desafio de hoje consiste em identificar o movimento artístico a que pertence a obra postada.


Aceita o desafio?

Então, a que Movimento Artístico  pertence este quadro?


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Observando um Quadro ... de George Grosz - nº 24


O pintor e caricaturista alemão George Grosz (1893-1959) viveu o conturbado período da 1ª Guerra Mundial. Esta guerra além de modificar o mapa da Europa alterou também os valores. Tudo mudou com ela, tudo parecia andar à deriva.
Durante os quatro anos (1914-1918) que a guerra durou, a Europa sangrou até à última gota ...

Foi nesta Europa destruída, que passou de credora a devedora de outras partes do mundo e na ineficaz República de Weimar (Alemanha) que nasceu um novo movimento artístico - a Nova Objectividade (Neue Sachichkeit) de que G. Grosz fez parte. Este movimento opunha-se à arte emocional expressionista e à abstracção cubista e construtivista. Os artistas alemães da Nova Objectividade assumiram, neste período de  pós-guerra, uma abordagem política mais aberta  através de trabalhos mordazes e caricaturais que denunciavam a situação social vivida durante a República de Weimar.


George Grosz
"Os Pilares da Sociedade"
1926
Óleo sobre tela, 200x108cm,
Staatliche Museen zu Berlin,
Património Prussiano, Galeria Nacional

Escolhi este quadro de George Grosz porque me parece uma boa síntese da sua obra, enquanto viveu na Alemanha ( em 1933 emigrou para os Estados Unidos - o conjunto de obras produzido durante o período que viveu na América, não são tão interessantes).

Grosz satiriza a sociedade alemã e os pilares sobre os quais ela assenta: os que enganam, os corruptos, os fazedores de opinião, antes da ascensão de Hitler ao poder.

Agora vamos olhar para o quadro:

A tela está completamente cheia. No plano do fundo visionamos o caos completo, onde até os próprios prédios se desmoronam em chamas.
Nesta obra Grosz reune as personagens-tipo da República de Weimar: o militar -  de aspecto sanguinário; o religioso - um padre solícito, que corre em direcção oposta aos militares, com um sorriso hipócrita nos lábios, querendo distanciar-se das atrocidades cometidas durante e depois da guerra; o político - representado com a cabeça cheia de fezes, é uma mera marioneta; o jornalista - apresentado com um penico na cabeça e uma pena comprida e caprichosa numa das mãos; o chauvinista - que aparece em primeiro plano - toda a atenção recai sobre esta personagem -  com uma caneca de cerveja numa das mãos e um sabre na outra. Na sua cabeça oca surge o desenho de uma batalha em que podemos vislumbrar um cavaleiro do imperador empunhando uma lança. É esta personagem que chefia os "Pilares da Sociedade".

Grosz usava a fealdade como uma arma. Apresentava uma arte violenta para responder à violência que existia na sociedade do seu tempo.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Os trabalhos de Eva Afonso





Eva Afonso
"Cesto de laranjas"
2010
Óleo sobre tela, 40x50 cm

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Os trabalhos de Eva Afonso




 Eva Afonso
"Gato em soleira de porta"
2010
Óleo sobre tela, 38x46 cm

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Judite visita Salomé no Museu Nacional de Arte Antiga



O Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, iniciou um novo ciclo de exposições chamado "Obra Convidada".
Ora este ciclo abre com a obra "Judite com cabeça de Holofernes" do pintor Lucas Cranach, o Velho, vinda do Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque.


 "Judite" é colocada lado a lado com "Salomé", obra pertencente ao acervo do MNAA.
As duas figuras bíblicas pintadas por Lucas Cranach, encontram-se e convivem numa sala do MNAA de 24 de Janeiro a 28 de Abril de 2013.

Estas pinturas mostram duas heroínas bíblicas com uma composição muito semelhante.
São duas mulheres muito belas, ricamente vestidas, saídas de um fundo muito escuro o que lhes realça a beleza.
Judite e Salomé apresentam rostos inexpressivos, embora tenham participado em episódios de grande violência. Ambas exibem as cabeças de homens que foram decapitados: Judite segura a pesada espada com que decapitou Holofernes, enquanto Salomé segura a bandeja com a cabeça de S. João Baptista.
Se a composição é semelhante, a iconografia é diametralmente oposta: Judite representa o bem, a virtude heróica para salvar o seu povo, enquanto Salomé está associada ao mal, à sedução, à perversidade.
Judite, uma bela e jovem viúva, com a sua coragem e audácia, conseguiu seduzir e assassinar Holofernes, general dos Assírios, povo que cercava a sua cidade. Salomé, sensual e perversa, deslumbrou Herodes com a sua dança e por isso este concede-lhe tudo o que pedisse. Pede a cabeça de S. João Baptista.


 Lucas Cranach, o Velho
"Judite com a cabeça de Holofernes"
ca. 1530
Óleo sobre madeira, 89,5x61,9 cm
Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque


Lucas Cranach
"Salomé"
1º terço do século XVI
Óleo sobre madeira de carvalho, 61x49,5 cm
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa



Se outras razões não houvesse, esta é uma boa oportunidade para visitar o  Museu Nacional de Arte Antiga e ver estes quadros lado a lado...



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Ícaro de Matisse - a alegria da cor ou puro engano

Todos... todos são muita gente... mas mesmo assim acho que todos temos aspirações para as nossas vidas, como Dédalo, pai de Ícaro, e ao mesmo tempo uma dose de insensatez como este, que descurou os sensatos conselhos paternos.

Na mitologia grega , Dédalo era um engenhoso artífice. Originário de Atenas, por razões várias, foi encarcerado, com o seu filho  no Labirinto do Minotauro em Creta, de onde só era possível fugir pelo ar. Mas Dédalo sabia isso muito bem, pois foi ele que projectou o Labirinto, palácio de intrincados corredores. Então, sempre engenhoso, criou umas asas com penas e cera para si e para o seu filho, Ícaro, fugirem de lá.
Entretanto Dédalo avisou o filho que não voasse demasiado alto. Ícaro descurou o aviso do pai, advindo daí trágicas consequências. As asas não aguentaram o calor dos raios solares, a cera derreteu  e Ícaro caiu no mar.

"Dédalo e Ícaro têm sido representados inúmeras vezes na literatura e na arte, constituindo o seu voo um símbolo do espírito inventivo e das aspirações do homem, enquanto a queda de Ícaro encerra uma alegoria da insensatez ou da juventude". *


Henri Matisse
"Ícaro"
1943
Maqueta para "Jazz", publicado pela primeira vez em 1947
Guache sobre papel cortado, 40,5x27 cm
Musée National d´Art Moderne - Centre Georges Pompidou
Paris

Henri Matisse foi um dos muitos artistas que representaram o mito de Ícaro.
Uma grave doença deixou Matisse imobilizado durante algum tempo, o que não o desencorajou  de continuar a trabalhar e teve "o engenho e a arte" para desenvolver um nova técnica, na qual pedaços de papel pintado eram recortados e montados de modo a compor uma imagem. Os exemplos mais famosos da sua técnica estão representados no livro "Jazz", publicado por Matisse em 1947.

A obra "Ícaro" é uma mistura da pintura de um fundo azul brilhante, executado com pinceladas largas, formando o cenário onde figuras de amarelo brilhante e negro de breu recortadas são colocadas em queda livre.

A aparente alegria desta obra, transmitida através do uso de cores e imagens brilhantes que o artista diz, nas suas Memórias Pessoais, derivarem "...de cristalizações de memórias do circo, contos populares ou viagens", escondem preocupações, ansiedades, alienações provocadas pela II Guerra Mundial.

Matisse baseou-se no mito de Ícaro, descrito nas "Metamorfoses" de Ovídio, mas actualizou-o.

A figura negra que atravessa o céu em queda livre, na obra de Matisse não é um qualquer incauto que se aproxima demasiado do Sol, apesar dos conselhos paternais, pelo contrário, a figura negra com um círculo vermelho brilhante no lugar do coração "sugere que se trata de um piloto moderno que foi abatido e vai caindo ao longo do céu iluminado pelos disparos das armas. O Ícaro de Matisse é um herói moderno, um mártir cuja queda simboliza a destruição da vida e da esperança no meio do arsenal de guerra moderno". **

* Lodwick, Marcus - "Guia do apreciador de Pintura", Editorial Estampa, Lisboa, 2003
** O`Mahony, Mike-"O Estilo Internacional" - in História da Arte no Ocidente - Editorial Verbo, Lisboa, 2006

domingo, 13 de janeiro de 2013

Os Trabalhos de Eva Afonso


 


Eva Afonso
"Veneza"
2011
Óleo sobre tela - 59,5x50 cm




quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Como Velázquez e Bacon pintaram Inocêncio X


O Papa Inocêncio X visto por dois pintores:


Diego Rodriguez de Silva y Velázquez
"Papa Inocêncio X"
1650
Óleo sobre tela, 140x120 cm
Galleria Doria Pamphilj , Roma

Velázquez dedicou a maior parte do seu trabalho à execução de retratos das gentes da corte.
Na sua condição de pintor da corte de Filipe IV de Espanha recebeu muitas encomendas e aquando da sua segunda visita a Itália pintou o retrato do Papa Inocêncio X (1650).
Ao executar este quadro escolheu uma composição e uma paleta de cores inspirada nos quadros de Rafael, Ticiano e outros pintores do Renascimento Italiano. 
É de realçar o excepcional realismo com que Velázquez pintou o rosto do Papa Inocêncio X.


Em 1953 Francis Bacon elaborou, a partir desta obra, um estudo do retrato do Papa Inocêncio X.


Francis Bacon
"Estudo segundo o retrato do Papa Inocêncio X de Velázquez"
1953
Óleo sobre tela, 153x118 cm
Des Moines Art Center

Com este estudo, Bacon pretende mostrar a condição humana no período pós-guerra.
O fim da II Guerra Mundial trouxe uma sensação de alívio face ao fim dos horrores da guerra, mas uma nova ordem mundial nasceu: de um lado a União Soviética, do outro os Estados Unidos da América. Estas duas novas superpotências, através da posse de armas de destruição maciça, ameaçaram, como nunca, a paz mundial. Foi neste ambiente que Francis Bacon elaborou este estudo, procurando transmitir a ansiedade, a aflição e a alienação características do pós-guerra.

Na obra de Bacon, o Papa Inocêncio X aparece aprisionado, soltando um grito para mostrar o desespero e a desilusão em que a humanidade se encontrava face à ameaça de bomba.

"Enquanto a obra de Velázquez transmite uma confiança serena derivada da autoridade papal, a de Bacon exprime sofrimento e tormento". *

O`Mahony, Mike-"O Estilo Internacional" - in História da Arte no Ocidente - Editorial Verbo, Lisboa, 2006

domingo, 6 de janeiro de 2013

Dia de Reis - Adoração dos Reis Magos - Pieter Bruegel

Pieter Bruegel, o Velho (c. de 1525-1569), executou várias versões da  Adoração dos Reis Magos:


"A Adoração dos Magos"
Entre 1556 e 1562
Aguada sobre tela - 121,5x168cm
Musées Royaux des Beaux-Arts de Belgique, Bruxelas

Esta representação da Adoração dos Reis Magos  foi executada em tela, ao contrário das outras duas versões que foram pintadas sobre madeira, mas encontra-se em muito mau estado.
Nela a multidão domina a cena e aparece vestida à moda flamenga e oriental .


 
"A Adoração dos Magos"
1564
Óleo sobre madeira - 111x83,5 cm
The National Gallery, Londres
 
No centro do quadro está a Virgem Maria sentada  com o Menino ao colo e que se aconchega  medrosamente contra o regaço da mãe As feições de Maria são de grande graciosidade juvenil, tendo um véu que lhe cai sobre os olhos. José está de pé, atrás de Maria, numa atitude bem terrestre: inclina-se para um desconhecido, ouvindo-o segregar ao seu ouvido, deixando assim de prestar atenção à cena principal.

 

 
"A Adoração dos Magos numa paisagem de Inverno"
1567 
Aguada sobre madeira - 35x55 cm
Colecção Oskar Reinhart, Winterthur
 
Na última versão conhecida, Bruegel desloca a cena da Adoração para o canto inferior esquerdo.
No quadro o que domina não é este episódio religioso, mas sim o grande nevão que caiu sobre a aldeia, naquele Inverno rigoroso.
Este quadro é, sem dúvida, o primeiro a representar, na arte europeia, um nevão.
 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Dia Mundial da Paz



René Magritte
"A Grande Família"
1963
 
 
VOTOS DE BOM ANO!



domingo, 30 de dezembro de 2012

Desafios ... Resposta - Pieter Bruegel


Pieter Bruegel, o Velho
"O Censo de Belém"
1566
Óleo sobre madeira - 116x164,5 cm
Musée Royaux des Beaux-Arts, Bruxelas
 
 
Pieter Bruegel, o Velho, "narra", nesta obra a chegada de José e Maria, ainda grávida, a Belém.
Vêm a esta cidade para cumprirem uma ordem plasmada num decreto do Imperador César Augusto, que determinava que todos os habitantes do Império fossem recenseados no seu local de origem.
 
Muitos pintores do século XVI trataram temas religiosos, mas fizeram-no retratando as personagens cheias de beleza e em cenários palacianos ou em construções faustosas, contudo, Bruegel integrou este episódio  bíblico numa aldeia da sua Flandres, onde as personagens são camponeses, trabalhadores rurais, artesãos que vivem em humildes habitações.
 
Num cenário invernoso, caminham pela neve, à frente José, atrás Maria, montada num burro em direcção à hospedaria.
 
 
Estas duas personagens passam relativamente despercebidas, não se distinguem, nem pelo tamanho, nem pelo colorido, do resto da população daquela aldeia.
José e Maria chegam ao fim da tarde daquele dia de Inverno, quando o Sol, representado por um disco alaranjado, já desce no horizonte. 
 
 
Bruegel dá à representação da aldeia muito mais importância do que ao episódio bíblico.
 
A vida fervilha na praça desta aldeia, apesar do frio. Adultos e crianças partilham o espaço público com as galinhas, os porcos e os cães...
Neste fim de tarde, muitos camponeses, após os seus afazeres regressam aos lares, enquanto outros desempenham diferentes tarefas, como a matança do porco. As crianças que "polvilham" a obra e a quem ninguém presta atenção, brincam no gelo com os seus patins, piões e trenós improvisados.
 
 
As casas desta aldeia, apesar de estar a anoitecer, mantêm-se na escuridão, não se vê qualquer foco de luz através das janelas. A única fonte de iluminação vem da fogueira acesa junto de uma parede, em volta da qual alguns aldeões se reunem.
Interessante, nesta obra, é o funcionamento de uma taberna no interior oco de uma árvore, assinalada por uma tabuleta.
 
 
No canto inferior esquerdo ergue-se uma hospedaria, identificada por uma coroa verde. É para aí que se dirigem José e Maria para se recensearem.
 
 
Mas Bruegel não pinta uma acção de recenseamento, mas a cobrança de impostos: de um lado do balcão estão os que pagam e do outro os que recebem as moedas.
Se retirarmos o título a esta obra o que vemos é uma aldeia flamenga ocupada com as suas tarefas quotidianas e em que a população se encontra oprimida e subjugada pelos impostos cobrados por Filipe II de Espanha após a invasão dos Países Baixos. Metade dos impostos do imenso Império Espanhol devia ser cobrada nesta região. A população protestava, mas em 1567 o Duque de Alba exigiu impostos suplementares pretendendo desta forma humilhar e subjugar o povo flamengo.


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Desafio ...


Após a azáfama da preparação das rabanadas e dos coscorões e da celebração natalícia, espero que tenham algum tempo disponível para participar no desafio que vos vou propor.

 
Esta obra enquadra-se neste período em que as temperaturas baixam e a neve se expande sobre os campos e as cidades dando-lhes uma atmosfera de bilhete postal.

Qual o autor e o título deste quadro?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Votos de Boas Festas !



 
Federico Barocci
"Natividade"
1597
Óleo sobre tela - 134x105cm
Museu do Prado, Madrid
(Proveniente das colecções de Carlos IV)
 
 
Este quadro foi pintado em 1597 para  o duque de Urbino, Francesco Maria II della Rovere, que foi o principal mecenas deste pintor.
 
A estrutura da composição é executada na diagonal a partir do braço estendido de S. José, como a convidar os pastores a entrarem no estábulo para adorarem o Deus Menino, por sua vez a Virgem, semi-ajoelhada, contempla com enlevo o Menino.
Barocci ao  demonstrar uma grande sensibilidade no tratamento das luzes, um delicado uso das cores de raiz veneziana e uma grande verdade no tratamento dos corpos no espaço cria um ambiente que ficou conhecido como "naturalismo místico".
O contraste entre as luzes e as sombras, criado a partir da fonte luminosa que irradia do Menino, o ambiente familiar formado por este S. José hospitaleiro e a Virgem que olha embevecida para o Filho,  suscita no observador uma corrente afectiva.
 
 
O Papa Bento XVI, num novo livro, clarificou muitos dos mitos em torno do nascimento do Menino Jesus afirmando que o Evangelho não alude a bichos. Explica que em vários textos sagrados "o boi e o burro" representam judeus e gentios, o povo "desprovido de compreensão" que, "diante da aparição humilde de Deus, recebe a epifania que a todos ensina a ver" .
 
Federico Barocci não teve conhecimento destas explicações do Papa Bento XVI, por isso, nesta representação do nascimento do Deus Menino aparecem o boi e o burro cheios de realismo, envoltos
pela luz divina que se expande na escuridão do humilde estábulo.
 
 
No meu presépio o boi e o burro vão continuar a aquecer o Menino.
 
 


 
Feliz Natal a todos os visitantes deste blogue !