Malhoa pertenceu ao "Grupo do Leão" ( constituído, entre outros, por Silva Porto, Columbano, António Ramalho, João Vaz, Moura Girão, Henrique Pinto, Ribeiro Cristino, Rodrigues Vieira), que seguiu a Escola de Barbizon, iniciando, assim, uma corrente inovadora na pintura portuguesa.
Agora pretendia-se mostrar a realidade tal como era, afastando-se da realidade idealizada pelo movimento do Romantismo e dos ensinamentos académicos rígidos.
A obra de Malhoa, situada entre o Naturalismo e Impressionismo, é testemunha de costumes e vivências povo português da sua época.
José Malhoa
"Conversa com o vizinho"
1932
Óleo sobre tela - 31x27,5 cm
Museu de José Malhoa - Caldas da Rainha
Este quadro representa uma rapariga debruçada sobre o parapeito de uma janela. Aparece seccionada ao nível da cintura, olhando sorridente para cima, adivinhado-se aí a presença do vizinho.
A protagonista tem o cabelo apanhado e veste uma saia azul, uma blusa castanha e sobre os ombros colocou um lenço em tons amarelados, com desenhos coloridos.
No lado direito, Malhoa pintou bonitos ramos de glicínias, unindo deste modo os dois planos: o interior e o exterior.
Olhando para lá da janela vemos campos verdejantes e montes azulados.
Há uma forte transição plástica entre os ambientes interiores para a paisagem envolvente, protagonizada pela figura da rapariga que recebe e reflecte os efeitos da luz, no rosto, no vestuário e nos objectos envolventes, como a manta amarela sobre o parapeito.
José Malhoa
"Lendo o Jornal"
1905
Óleo sobre tela - 32,5x21 cm
Museu de José Malhoa - Caldas da Rainha
O quadro mostra um Mestre-Escola, lendo o jornal, junto a uma janela aberta para uma paisagem rural cheia de luz.
O protagonista aparece seccionado pelos joelhos, com a cabeça inclinada sobre o ombro direito e vestindo, para proteger a roupa, uma bata branca.
A janela está aberta, permitindo-nos ver o exterior iluminado. Malhoa sublinha, assim, um momento - o da leitura do jornal - fazendo a transição entre um ambiente de interior para a paisagem que está lá fora. O fundo definido pela paisagem tem uma luz natural, enquanto o Mestre-Escola aparece em ligeiro contraluz.
Malhoa domina a luz, a sombra e o contraluz de forma admirável, podendo ser considerado , tal como Joaquin Sorolla y Bastida, "o pintor da luz"...