Volto a Berthe Morisot e à sua obra-prima: "O Berço".
Berthe Morisot
"O Berço"
1872
Óleo sobre óleo - 56x46 cm
Neste quadro Morisot retrata a sua irmã mais nova, Edma, contemplando a sua segunda filha, Blanche, deitada no berço.
Nele capta toda a doçura deste momento de intimidade em que a mãe "guarda" o sono da filha.
Este trabalho foi o primeiro em que Morisot abordou o tema da maternidade - e que se tornou mais tarde um dos seus temas preferidos.
Há nesta obra grande intensidade afectiva, o que levou alguns críticos a ver nela uma abordagem moderna do tema da Natividade.
Observando este quadro vemos que o braço esquerdo da mãe, que está inclinada sobre o berço, assim como o braço e os olhos fechados da criança formam uma linha diagonal que une a mãe à sua filha.
O gesto de Edma, puxando o folho da cortina do berço entre o observador e a criança, reforça o sentimento de intimidade e o amor protector expresso neste quadro.
Como já escrevi, este quadro foi exibido, em 1874, na 1ª Exposição Impressionista e importantes críticos, embora não tendo aceitado bem esta Exposição Independente, comentaram a graça e a elegância de "O Berço".
Berthe Morisot utilizou, neste quadro, um conjunto cromático e uma doçura que revelam a influência de um dos seus Mestres - Camille Corot, e de algumas pinturas do século XVIII, à maneira de Fragonard; mas no tratamento da cena e nos contrastes de tons escuros e explosões de brancos pode ver-se a influência de Édouard Manet.
Os críticos ressaltaram este uso do branco afirmando: " Vejam quão maravilhosamente ela lida com o branco nos seus quadros; ninguém até agora usou o branco de uma forma tão extraordinária".
É, sem dúvida, um quadro com um tema repleto de doçura.