Este ano passam 400 anos sobre a morte do pintor Domenikos Theotokopoulos ( 1541 Creta- 1614 Toledo), conhecido por El Greco.
A sua formação iniciou-se com a execução de ícones segundo a tradição dos pintores bizantinos e prosseguiu com a sua partida para Veneza, em 1567, para assimilar o estilo da pintura ocidental, o que conseguiu na perfeição. Em Veneza estudou com Ticiano e recebeu a inspiração de Tintoretto.
Em 1570 segue para Roma, onde permaneceu dois anos, mas não tendo alcançado o reconhecimento que considerava merecer viaja para Espanha. Estabelece-se durante algum tempo em Madrid, mas também aí não conseguiu que a sua obra fosse valorizada porque Filipe II não a considerava adequada para o Escorial. Parte então para Toledo onde se instalou permanentemente, produzindo uma obra de características únicas.
El Greco
Vista de Toledo (entre c. 1509 e c. 1600),
Metropolitan Museum, Nova Iorque
Metropolitan Museum, Nova Iorque
El Greco conseguiu juntar de um modo excepcional o estilo bizantino, a pintura do Renascimento e a religiosidade da Espanha medieval.
O estilo mais característico de El Greco: " ... corresponde à fase final da sua arte, em que se distancia claramente da pintura do seu tempo - quando trinfava a corrente naturalista - e que tanta estranheza causou entre os seus contemporâneos e nos séculos seguintes, dada a sua extraordinária liberdade de concepção e de execução". *
El Greco para executar as grandes composições sacras escolhe o formato de um rectângulo alongado, em que a altura é mais do dobro da largura. Esta proporção facilita a verticalidade das figuras e coloca as cenas em dois níveis sobrepostos: na parte inferior as personagens têm uma maior corporização terrestre, enquanto a parte superior é reservada às aparições divinas e aos coros angelicais.
Este formato adoptado pelo pintor alonga as figuras, sem, no entanto, abandonar a excelente concepção das anatomias e da expressão do movimento.
"As (suas) obras possuem um claro sentido ascensional que une o terreno e o celestial e o artista rompe com a representação tradicional da perspectiva e fez do espaço algo sem gravidade e imaterial.
Tudo isto, aliado à cor intensa e contrastada, à luz irreal e poderosa e à liberdade das pinceladas vibrantes, dá origem a imagens de grande força expressiva e espiritual". *
* O Guia do Prado - Museu Nacional del Prado, 2ª edição, revista, Janeiro 2011
El Greco
"A Anunciação"
Retábulo-mor do Colégio de Dona Maria de Aragão
1597-1600
Óleo sobre tela, 315x174 cm
Museu del Prado, Madrid
"O Baptismo de Cristo"
Retábulo-mor do Colégio de Dona Maria de Aragão
1597-1600
350x144 cm
Museu del Prado, Madrid
El Greco
"A Assunção da Virgem"
c. 1607-1613
Óleo sobre tela, 347x174 cm
Museu de Santa Cruz, Toledo
El Greco
"A Adoração dos Pastores"
1612-14
Óleo sobre tela, 319x180 cm
Museu del Prado, Madrid
Toledo presta homenagem a El Greco
Segundo uma notícia de 23/12/2013, do Jornal Público, a cidade de Toledo vai prestar homenagem a El Greco:
"Em 2014 passam 400 anos sobre a morte do pintor Domenikos
Theotokopoulos, que conhecemos como El Greco, e a cidade espanhola que guarda
algumas das suas obras mais notáveis não vai deixar passar a data em branco.
Segundo o diário espanhol ABC, a fundação criada para marcar este
aniversário já tem o programa completo e promete dar destaque, entre outras
coisas, ao restauro recém-terminado da obra do pintor para a sacristia da
catedral de Toledo.
“El Greco é, entre os mestres de todos os tempos, o que mais influenciou a pintura do século XX”, defende Gregorio Marañón y Bertrán de Lis, presidente da Fundação El Greco 2014, nas páginas do jornal espanhol. “E esta surpreendente sobrevivência de um pintor do século XVI, cuja memória se perdeu no esquecimento durante quase 300 anos, só se explica pela sua modernidade genial, uma das chaves que mais destacaremos ao longo do ano.” Um ano que começa a 18 de Janeiro com um concerto conduzido pelo músico e compositor espanhol Llorenç Barber envolvendo os sinos de 25 igrejas da pequena cidade junto ao Tejo onde o pintor chegou aos 36 anos.
A música continua em Abril, com Riccardo Mutti a dirigir o Requiem de Verdi (dia 12) e Michael Noone a conduzir o de Morales (a 7), entre muitos outros, mas o prato forte são as exposições no Museu de Santa Cruz, o principal da cidade, e a do Prado, em Madrid, que tem na sua colecção obras extraordinárias deste pintor que fugiu à corte e nunca perdeu as suas influências grega e italiana.
Santa Cruz propõe, de 14 de Março a 14 de Junho, uma viagem no tempo à Toledo de El Greco, alargada a outros cinco espaços da cidade em que a pintura e a escultura do mestre ocupam os lugares para onde foram criadas há mais de 400 anos. Uma das estrelas desta exposição será Vista de Toledo, pintura que pertence ao Metropolitan Museum, de Nova Iorque. De 8 de Setembro a 9 de Dezembro, o museu volta-se para o atelier do artista e para alguns dos mistérios que ainda rodeiam a sua produção.
A pinacoteca madrilena vai cruzar a sua obra com a de mestres do século XX, para demonstrar a sua “modernidade radical”, diz ainda Gregorio Marañón, num pólo que garante a este aniversário uma montra internacional, a que se juntarão, ao longo no ano, congressos de musicologia e história para mostrar o que de mais recente se tem feito no que toca à investigação científica em torno do “Grego de Toledo”.
A música continua em Abril, com Riccardo Mutti a dirigir o Requiem de Verdi (dia 12) e Michael Noone a conduzir o de Morales (a 7), entre muitos outros, mas o prato forte são as exposições no Museu de Santa Cruz, o principal da cidade, e a do Prado, em Madrid, que tem na sua colecção obras extraordinárias deste pintor que fugiu à corte e nunca perdeu as suas influências grega e italiana.
Santa Cruz propõe, de 14 de Março a 14 de Junho, uma viagem no tempo à Toledo de El Greco, alargada a outros cinco espaços da cidade em que a pintura e a escultura do mestre ocupam os lugares para onde foram criadas há mais de 400 anos. Uma das estrelas desta exposição será Vista de Toledo, pintura que pertence ao Metropolitan Museum, de Nova Iorque. De 8 de Setembro a 9 de Dezembro, o museu volta-se para o atelier do artista e para alguns dos mistérios que ainda rodeiam a sua produção.
A pinacoteca madrilena vai cruzar a sua obra com a de mestres do século XX, para demonstrar a sua “modernidade radical”, diz ainda Gregorio Marañón, num pólo que garante a este aniversário uma montra internacional, a que se juntarão, ao longo no ano, congressos de musicologia e história para mostrar o que de mais recente se tem feito no que toca à investigação científica em torno do “Grego de Toledo”.