Hoje não vou observar um, mas dois Quadros. São eles as "majas" de Goya.
As "majas", vestida e despida, são quadros que estão ligados pelo tema, pelo autor e pela pessoa que os encomendou. Em ambos Goya (1746-1828) pinta uma mulher do povo - "uma maja" - que nos olha friamente, sem sorrir, assumindo uma postura de "marcialidad", termo que, na Espanha do século XVIII, traduzia as aspirações femininas de liberdade, que se expressavam, por exemplo, na abolição do véu a cobrir a face e no uso de vestido a tapar os pés.
Francisco de Goya
"Maja Vestida"
Óleo sobre tela - 95x190cm
1800-05
Na "Maja Desnuda", Goya não usou subterfúgios de qualquer natureza, ao contrário de outros nus pintados no passado por Ticiano e Velázquez. Neste quadro o corpo da "maja" está de frente para o espectador, olhando-o fixamente, quase num desafio, colocando as mãos atrás da cabeça.
Francisco de Goya
"Maja Desnuda"
Óleo sobre tela - 97x190cm
1797-1800
Quando Goya pintou a "Maja Desnuda", os nus eram proibidos em Espanha pelo Tribunal do Santo Ofício.
Então, quem ousaria encomendar obras como esta?
O todo poderoso Manuel Godoy, preferido da rainha Maria Luisa, esposa de Carlos IV, que o nomeou primeiro ministro, com apenas 25 anos.
Supõe-se que, dependendo dos convidados, Godoy escolheria uma das versões para mostrar.
Godoy coleccionava arte, quando caiu em desgraça e foi demitido pelo rei absolutista Fernando VII, toda a sua colecção, que incluía a "Vénus ao Espelho" de Velázquez, foi confiscada.
Em 1814, a "Maja Desnuda" foi considerada, pela Inquisição, uma obra obscena e o seu autor teve de comparecer diante do Tribunal do Santo Ofício. Não chegou a ser condenado.
E ... o Quadro não foi destruído, por isso ainda hoje o podemos Observar ... ( no Museu do Prado).
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