... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Observando um Quadro... de Malevitch ... nº 13

A escolha deste post recai sobre o quadro: "Quadrado Preto sobre Fundo Branco"
(1915) de Kazimir Malevitch.
Escolhi esta obra porque me parece ser um dos exemplos mais representativos da pintura de vanguarda do início do século XX, desprovida de relações com a realidade. Malevitch (1878-1935) com este quadro reduziu a pintura à pura abstracção geométrica.


Kazimir Malevitch
"Quadrângulo" (geralmente intitulado)
"Quadrado Negro sobre Fundo Branco"
Óleo sobre tela - 79x79cm
1915
Moscovo, Galeria Tretiakov

Em 1915, na "Última Exposição Futurista de Pinturas: 0-10" em Sampetersburgo, Malevitch apresentou este quadro proclamando: "Transformei-me no zero das formas e afastei-me das velharias da arte académica".
"Quadrado Negro sobre Fundo Branco" é a primeira manifestação do Suprematismo, movimento artístico criado por Malevitch. Este pintor desenvolveu este conceito a partir do "cubo-futurismo", negando toda a forma de representação imitativa. Para Malevitch um quadro pintado não tem que ter uma relação com o mundo real. O objecto-pintura não imita nada: existe.

Mas como " Malevitch acima de tudo é um pintor e elaborou este quadro com pequenas pinceladas impressionistas, e não com régua e esquadro e uma cor perfeitamente uniforme, querendo que se sinta a mão do homem nos tremidos e nas deformações das margens do quadrângulo" *, deixem-me devanear ...
Olhar... olhar... olhar... este quadro (sem preconceitos), obrigando-me a um esforço de imaginação e ver nele aquilo que o pintor lá não pôs.
Experimentem ...

* "Malevitch" , Gilles Néret - Taschen - 2004

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Quem " matou " o meu menino Jesus ?

Lembro-me bem da minha meninice quando, na época natalícia, eu e os meus primos, na casa dos meus avós maternos, nos afadigávamos, na noite da consoada, a limpar muito bem a grande chaminé e a lá pôr o sapatinho (bem engraxado) para que o Menino Jesus aí depusesse os brinquedos que pensávamos merecer por termos sido "bons meninos" e nos termos portado muito bem durante o ano.
Dias antes fazíamos um grande presépio, para isso íamos buscar musgo aos muros que bordejavam os riachos onde murmurava a água que escorregava de escarpa em escarpa.
Mas ... a pouco e pouco o sapatinho na chaminé foi sendo substituído por um pinheiro que íamos cortar nas encostas da minha aldeia natal.
Era extraordinário o cheiro das folhas ponteagudas do pinheiro, que não era muito grande, a avaliar pela força de crianças dos 6 aos 10 anos a quem davam a tarefa de o procurar e trazer para casa, sob a supervisão da Delfina ( a criada interna da minha avó - agora dir-se-ia empregada doméstica ).
Em casa começávamos a enfeitá-lo com estrelas, bolas, chocolates (adorava-os em forma de sombrinha), chupa-chupas, nada de luzes... ( naquela aldeia não havia electricidade).
Não sei bem como se deu, na casa dos meus avós, a passagem do sapatinho na chaminé para a árvore de Natal.
Soube mais tarde que a árvore da Natal é uma tradição importada dos países nórdicos e anglo-saxónicos.
Quantas vezes li aos meus alunos "O Cavaleiro da Dinamarca" de Sophia de Mello Breyner Andresen e vi o brilho resplandecente dos seus olhos quando a escritora descrevia a lenda da árvore da Natal. Sophia conta-nos que o Cavaleiro, perdido e cansado, quando chega perto da sua casa se depara com o maior pinheiro do seu jardim todo enfeitado com milhares de estrelas, colocadas pelos anjos para lhe mostrarem o caminho. E foi assim que nasceu, na Dinamarca, a tradição de enfeitar os
pinheiros na noite de Natal que depois se espalhou pelo Mundo.

A chegada do uso da árvore de Natal a Portugal deu-se muito antes de eu e os meus primos a termos usado por volta dos anos 60.
Mal sabíamos nós que foi D. Fernando de Saxe Coburgo e Gotha, marido de D. Maria II, quem trouxera para Portugal esta tradição das cortes austríaca e alemã.


D. Fernando II - o Rei-Artista
"A chegada do Pai Natal"
Desenho, em água forte
1848

Este desenho de D. Fernando mostra-nos o próprio, que segundo os registos da época se vestia, na noite de Natal, com um largo capote com capuz e grandes bolsos onde escondia brinquedos que depois distribuía pelos seus filhos, que o rodeavam entusiasmados.
Ao fundo, mas em posição central, podemos observar uma árvore de Natal enfeitada com candelabros e brinquedos.

Terá sido D. Fernando II o primeiro pai Natal português?

Não sei, mas o meu menino Jesus foi "morto" pelo pai Natal quando o pinheiro, em casa dos meus avós, se enchia de presentes e nós corríamos para ele em vez de nos dirigirmos para a chaminé nas manhãs de 25 de Dezembro.

FELIZ NATAL !!!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Os trabalhos de Eva Afonso


Eva Afonso
"Para lá da cerca"
Óleo sobre tela - 40x50cm
2010


Eva Afonso
"Campo de papoilas"
Óleo sobre tela - 40x50cm
2010

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Desafio ... Resposta

Quadro: intitulado "Geada"
Pintor: Camille Pissarro



Óleo sobre tela - 65x93cm
1873
Paris, Museu d' Orsay

Camille Pissarro (1830-1903) foi viver para Pontoise em 1873, aí pintou vários quadros dos arredores mais próximos, sendo "Geada" um desses trabalhos.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Desafio ...

Continuando neste ciclo da neve, lanço um desafio aos visitantes deste blogue: descobrir o nome e o autor deste quadro. Valeu?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Observando um Quadro ... de Monet ... nº 12

Nestes dias frios em que a neve caiu com generosidade no interior norte e centro do nosso país, lembrei-me de um magnífico quadro de Claude Monet: "A Pega".


Claude Monet
"A Pega"
Óleo sobre tela - 89x130cm
Museu d'Orsay

Nesta época natalícia este é um belíssimo postal, e que postal ... lindíssimo este quadro, de uma grande singeleza, mas de uma mestria extrema para retratar a neve.
Renoir afirmou que: " Na natureza, o branco não existe, sobre a neve existe um céu. O céu é azul; sobre a neve, esse azul deve ver-se".
É isso que conseguimos ver nesta obra de Monet, uma multiplicidade de brancos manchados de violeta, azul e ocre, que nos dão as variações cromáticas e luminosas da neve.

Este trabalho de Monet foi recusado pelo júri do Salon em 1869 alegando que o quadro era demasiado grande para uma paisagem e que as pinceladas eram demasiado soltas, não atendendo ao pormenor.
Monet não se desencorajou com esta recusa. Ainda bem !!! Pois pode exprimir-se livremente, fora do meio fechado e decadente da arte consagrada pelos "Salons" públicos.
Monet iniciou o seu próprio caminho fundando mais tarde o movimento impressionista que alterou "... o modo de ver a natureza e, em geral, o mundo exterior, e de os reproduzir na tela com um imediatismo quer temporal quer sensível" , (Guia de História de Arte - Editorial Presença - pág. 126 - 2009).