... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Retrato (s) ... Auto-retratos de Van Gogh - I

Ernest Rebel escreveu em "Auto-retratos" (Taschen - 2009) que "Os auto-retratos são testemunhos em que o ego do artista como seu modelo e motivo se relaciona simultaneamente com outras pessoas. Os artistas representam-se a si próprios como querem ser vistos pelos outros, mas também porque querem distinguir-se deles".

A partir do século XIX, com a invenção e utilização da máquina fotográfica, os pintores deixaram de ter como objectivo principal pintar-se de acordo com o retrato fotográfico, mas passaram a querer transmitir mais os "estados de alma".
O pintor Vincent Van Gogh (1853-1890) foi um dos pintores que utilizou de forma mais prolífera a pintura de auto-retratos como método de introspecção.
Este artista pintou-se de modo muito honesto, retratando-se não de forma idealizada, mas mostrando-se um homem à procura de respostas, transmitindo através dos seus olhos muita dor, perturbação e intranquilidade.
A frase em que Nietzsche afirma que o rosto humano é "o espelho da alma" parece estar "espelhada" nos auto-retratos de Van Gogh.
Este pintor foi um dos artistas que mais se debruçou sobre a sua própria imagem, (entre 1886 e 1889 pintou mais de 30 retratos), estudando-a, reproduzindo-a, mostrando através dela não só o seu declínio psicológico, mas também a sua técnica.
Há ainda a salientar que Van Gogh não tinha dinheiro para pagar a modelos para posar, por isso pintava-se, tendo como objectivo desenvolver a sua técnica e as suas competências como artista. Numa das muitas cartas que escreveu ao seu irmão Theo afirmou: " Eu comprei, de propósito, um espelho suficientemente bom que me permita trabalhar,na falta de um modelo, a partir da minha imagem. Porque se eu conseguir pintar o meu retrato,o que não deve ser feito sem alguma dificuldade, devo ser igualmente capaz de pintar os donos de outras boas almas, homens e mulheres".
Usou assim o seu próprio reflexo, encontrando uma forma prática e barata de pintar retratos, legando-nos uma autobiografia visual artística.

Por que não escrever sobre alguns destes auto-retratos?
Fica prometido!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Observando um Quadro ... de Ribera ... nº 11



José Ribera
"A mulher barbuda"
(A estranha napolitana Magdalena Ventura)
Casa Ducal de Medinaceli, Toledo

Há quadros que prendem o meu olhar, despertam as minhas emoções pela beleza, pela cor, pelo movimento, pela pincelada, pela energia, pelo ... pelo insólito.
É o caso deste quadro, um dos mais insólitos da pintura europeia do século XVII e que constitui um caso à parte na obra de José Ribera (1591-1652), um dos pintores mais importantes da escola espanhola.

Foi encomendado pelo Vice-rei D. Fernando Afan de Ribera y Enriquez (1570-1637) para ser oferecido ao Rei D. Filipe III, como testemunho deste caso invulgar. Actualmente encontra-se depositado no Hospital Tavera de Toledo, sede da Fundação Casa Ducal de Medinaceli.

O imenso talento e virtuosismo de José de Ribera conseguiu, a partir de uma cena que não tem harmonia nem beleza, criar uma obra de arte espantosa em que é retratada a situação dramática de Magdalena Ventura, uma mulher de 52 anos que sofria de hirsutismo, amamentando o seu filho, com o seu segundo marido Felici de Amici, triste e conformado.
Consta que a sua doença, provocada pela produção excessiva de hormonas masculinas nos ovários ou nas glândulas supra-renais, surgiu-lhe subitamente aos 37 anos quando começou a ter barba e bigode. Foi mãe sete vezes, três antes do aparecimento da doença e quatro depois, casou duas vezes.

Neste quadro é notória a influência do "mestre das trevas", Caravaggio, em que as figuras surgem misteriosamente da escuridão, recortadas pela luz que incide sobre elas. A pincelada é rigorosa, não há pormenor que seja ignorado.

É um quadro de grande valor documental, do qual são conhecidas duas cópias, uma de pequenas dimensões depositada no palácio de La Granja e outra da Colecção Ruiz de Alda em Madrid.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Os trabalhos de Eva Afonso



Eva Afonso
"Conversa com a trepadeira"
Óleo sobre tela - 50x40cm
2010

sábado, 4 de setembro de 2010

Exposição de Pintura de Eva Afonso

BEM-VINDOS À MINHA EXPOSIÇÃO: " ad infinitum ..."
na Biblioteca Municipal do Cadaval
que vai estar patente de 4 a 20 de Setembro.

As novas instalações desta Biblioteca são um espaço aprazível e comemoram no próximo dia 19 o seu primeiro ano de existência.

Aqui vos deixo algumas fotografias desta exposição, momentos antes da inauguração e um convite a todos os que quiserem visitá-la.
Espero que gostem!!!