Votos de FELIZ NATAL a todos os Visitantes deste blogue !
Leonardo da Vinci
"A Virgem dos Rochedos"
c. 1483-85
Óleo sobre madeira - 199x122 cm
Museu do Louvre, Paris
O Nascimento de Jesus é um acontecimento que tem sido tema artístico ao longo de muitos séculos, no entanto, os artistas do Renascimento representaram-no de forma mais delicada e natural, abandonando as composições rígidas e formais.
"A Virgem dos Rochedos" de Leonardo da Vinci faz parte das obras que representam a Virgem Maria de forma delicada e protectora.
Este ano (a partir de Novembro) e até ao próximo dia 5 de Fevereiro de 2012 reunem-se na National Gallery, de Londres oito pinturas e algumas dezenas de desenhos e estudos de Leonardo da Vinci, numa exposição intitulada "Leonardo da Vinci, Pintor na Corte de Milão".
A este período da vida de Leonardo da Vinci, na Corte de Ludovico Sforza, Milão, pretencem duas versões da "Virgem dos Rochedos" - uma pertencente ao Museu do Louvre (c. 1483-85), outra à National Gallery (c. 1495-1508) e que é possível observar lado a lado nesta exposição (acontecimento certamente irrepetível).
BOAS FESTAS !
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Observando um Quadro ... de Renoir - nº 19
Os impressionistas franceses revolucionaram o modo de exprimir a realidade visível, desligaram-se da representação fiel da natureza para reproduzir a sua verdade perceptiva e sensível.
Para poderem reproduzir uma realidade tão mutável experimentaram profundas inovações técnicas, saindo dos seus ateliers e pintando directamente "sur le motif" ao ar livre e perante a natureza.
Procuraram captar os efeitos da luz, que davam ao seu trabalho características de imediatismo e espontaneidade, por isso, não surpreende que encontrassem motivo para o seu estudo nos jardins interiores. O jardim privado emergiu, assim como um tema favorito dos impressionistas.
Pierre-Auguste Renoir
"The Garden in the Rue Cortot, Montmartre"
1876
Óleo sobre tela- 152x97 cm
Carnegie Museum of Art, Pittsburgh
O Jardim na Rue Cortot era um parque de um castelo do século XVIII, que estava descuidado quando Renoir o descobriu em 1875-76.
A sua beleza selvagem e a proximidade do "Moulin de La Galette" (que se tornou tema de uma das suas mais famosas pinturas) levou o pintor a alugar uma casa de campo nesta rua para si e para a sua família.
O Jardim da Rue Cortot serviu para Renoir como estúdio fora de portas e também como tema para a sua pintura.
A natureza indomável do jardim leva-nos para a pincelada larga e variada do estilo impressionista, que no caso de Renoir adquiriu uma liberdade sem precedentes.
As dálias vibrantes e incandescentes, que surgem em primeiro plano, são o verdadeiro motivo deste quadro!
No plano do fundo surgem duas figuras masculinas - possivelmente os seus amigos Claude Monet e Alfred Sisley - paradas,em pé, a conversar.
A liberdade de Renoir brilha nos traços que parecem tecer as duas figuras nos padrões criados pela luz fria e pela sombra contrastante que envolve o jardim.
Para poderem reproduzir uma realidade tão mutável experimentaram profundas inovações técnicas, saindo dos seus ateliers e pintando directamente "sur le motif" ao ar livre e perante a natureza.
Procuraram captar os efeitos da luz, que davam ao seu trabalho características de imediatismo e espontaneidade, por isso, não surpreende que encontrassem motivo para o seu estudo nos jardins interiores. O jardim privado emergiu, assim como um tema favorito dos impressionistas.
Pierre-Auguste Renoir
"The Garden in the Rue Cortot, Montmartre"
1876
Óleo sobre tela- 152x97 cm
Carnegie Museum of Art, Pittsburgh
O Jardim na Rue Cortot era um parque de um castelo do século XVIII, que estava descuidado quando Renoir o descobriu em 1875-76.
A sua beleza selvagem e a proximidade do "Moulin de La Galette" (que se tornou tema de uma das suas mais famosas pinturas) levou o pintor a alugar uma casa de campo nesta rua para si e para a sua família.
O Jardim da Rue Cortot serviu para Renoir como estúdio fora de portas e também como tema para a sua pintura.
A natureza indomável do jardim leva-nos para a pincelada larga e variada do estilo impressionista, que no caso de Renoir adquiriu uma liberdade sem precedentes.
As dálias vibrantes e incandescentes, que surgem em primeiro plano, são o verdadeiro motivo deste quadro!
No plano do fundo surgem duas figuras masculinas - possivelmente os seus amigos Claude Monet e Alfred Sisley - paradas,em pé, a conversar.
A liberdade de Renoir brilha nos traços que parecem tecer as duas figuras nos padrões criados pela luz fria e pela sombra contrastante que envolve o jardim.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Os trabalhos de Eva Afonso
sábado, 26 de novembro de 2011
A não perder ... Exposição " A perspectiva das coisas - A Natureza-Morta na Europa" Parte II
Há algum tempo que tenho a intenção de colocar este post mas, por razões várias da minha vida, ainda não tinha tido oportunidade de o fazer. Falo da Exposição "A Perspectiva das Coisas - A Natureza-Morta na Europa" II Parte, que pode ser vista no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até dia 8 de Janeiro de 2012.
Quem visita esta exposição observa um excelente espectáculo de luz e cor e tem uma óptima oportunidade de assistir ao dealbar da modernidade na pintura.
A II parte da Exposição "A Natureza-Morta na Europa" Séculos XIX-XX (1840-1955) parte de uma Europa transformada após o legado de Napoleão e se este género pictórico se manteve estável desde o século XVI até ao final do século XIX, vai sofrer "... uma fragmentação ou mesmo um colapso relativo no século XX, um século dominado pelas Vanguardas e pelo Modernismo". *
Nesta mostra estão reunidas 93 obras de 70 artistas, oriundas de Museus, Instituições, Colecções públicas e privadas espalhadas um pouco por todo o mundo e que o comissário Neil Cox (Professor da Universidade de Essex, especialista em arte francesa do século XX, com tese de doutoramento sobre Picasso) organizou não de forma cronológica, mas distribuindo-as por temas, abordados em 12 núcleos.
A Exposição começa com o núcleo "Reflexões sobre a presença" e um quadro de Paul Cézanne, "Natureza-Morta com Pote de Gengibre e Beringelas"- 1893-94.
"O desafio que a arte da maturidade de Cézanne nos coloca é que façamos uma avaliação do que é coexistir com um mundo de coisas em nosso redor e de como percepcionamos e pensamos a realidade que se apresenta perante nós". **
A exposição continua com o tema "Negociar a tradição: dádivas da Natureza e artifícios". "Na segunda metade do século XIX, em Paris, muitos artistas procuraram rever a tipologia-padrão tipo das naturezas-mortas académicas patentes nos Salons oficiais. Mas foi preciso confrontar os códigos existentes, como fez Gustave Courbet, para se encontrar alternativas à tradição académica." **
Édouard Manet
"Flores numa Jarra de Cristal"
c. 1882
Óleo sobre tela - 32,7x24,5 cm
Caminhando em direcção ao núcleo "Jogos de relações: a natureza-morta enquanto forma" encontramos, entre outros ...
Claude Monet
"Ramo de Girassóis"
1881
Óleo sobre tela - 101x81,3 cm
Vincent van Gogh
"Ramos de Castanheiro em Flor"
1890
Óleo sobre tela - 73x92 cm
O núcleo " Estrutura e espaço" abarca os primeiros anos do século XX que " ...ficaram marcados, na pintura, por uma rápida sucessão de inovações radicais: o abandono do naturalismo no desenho ou na cor e a rejeição sumária da construção em perspectiva, a própria representação podendo ser concebida de novo como uma linguagem de signos ou como vestígio expressivo da experiência subjectiva".**
Juan Gris
"Vista da Baía"
1921
óleo sobre tela - 63,5x96,5 cm
Avançando na exposição encontramos o tema "Exílios e outros: política, primitivismo e o eu interior". "Uma das principais correntes de pensamento que contribuiu para o desenvolvimento da arte moderna foi a da crescente valorização dos indivíduos e das culturas consideradas marginais, "os estranhos" ou "os outros", por contraste com a "civilização" da Europa Ocidental. Gauguin e Van Gogh procuraram novos modelos para a sua arte entre as comunidades rurais e também nas estampas e outros objectos japoneses, como na "Natureza-Morta com leque".
Paul Gauguin
"Natureza-Morta com Leque"
1888
Óleo sobre tela - 50x61cm
Henri Matisse
"Natureza-Morta, Ramo de Dálias e Livro Branco"
1923
Óleo sobre tela - 50,2x61 cm
Em "A essência das coisas: materialidade e imaterialidade" podemos observar como na "arte moderna, a interrogação da existência das coisas anda a par de um questionamento radical das estratégias da representação. Os trabalhos de cubistas, futuristas e outros grupos da vanguarda colocavam uma variedade de questões profundas sobre as condições ou a perspectiva a partir das quais podemos apreender as coisas na pintura, sobre a natureza da realidade do mundo exterior, ou mesmo sobre a nossa capacidade de a transformar ou refazer." **
Georges Braque
Natureza-Morta (Jornal e Limão)
1913
Óleo, grafite e carvão sobre tela - 34,8x26,7 cm
Caminhando mais um pouco encontramos o núcleo :"A vida moderna: máquinas e produção em massa" onde a máquina é celebrada pela primeira vez na arte moderna com o Futurismo, na obra de artistas como Carlo Carrà, Boccioni e Gino Severini."
Ao passarmos ao núcleo "Modernismo: identidades nacionais e a atracção de Paris" podemos apreciar como " o Modernismo parisiense foi para muitos artistas europeus a referência central no desenvolvimento das suas práticas artísticas." **
Neste núcleo encontramos trabalhos de artistas portugueses como Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy e Vieira da Silva que estudaram nos círculos modernistas de Paris.
Eduardo Viana
"K4 Quadrado Azul"
c.1916
Óleo sobre tela - 47,5x56 cm
E a visita prossegue com a tema "As próprias coisas: o choque da fotografia". "O desenvolvimento da natureza-morta na modernidade teve lugar a par com a circulação generalizada de fotografias e (posteriormente) com a invenção do cinema." **
E por que não avançar um pouco mais e observarmos o núcleo "A crise do objecto: sonhos e pesadelos"? " O Surrealismo, movimento literário e artístico fundado por Breton com diversos outros poetas, escritores e artistas franceses em 1924, procurava acima de tudo transformar a realidade através da força da imaginação." **
René Magritte
"O Retrato"
1935
Óleo sobre tela - 73x50 cm
Estamos agora perante o núcleo "Da cena de caça ao horror" onde vi alguns visitantes recuarem discretamente, talvez pouco à vontade ... seria ?
Pablo Picasso
"Natureza-Morta com Caveira e Três Ouriços-do-Mar"
1947
Óleo sobre tela - 60x72,5 cm
E estamos finalmente chegados ao último núcleo: "Da Perspectiva das coisas".
"Esta exposição coloca várias questões:
Afinal, o que significa a natureza-morta na modernidade?
Será que o género foi capaz de sobreviver aos muitos desafios que se colocaram, como é demonstrado pelas obras aqui presentes, derivados do Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Construtivismo e surrealismo?
E terá resistido à brutalidade dos acontecimentos ocorridos no mundo?" **
Com o percorrer desta exposição fazemos uma viagem através de vários tempos e geografias da natureza-morta na pintura ocidental.
Ao terminar esta visita tive a tentação de voltar atrás e rever todas as obras expostas, mas os meus olhos, a minha mente e o meu coração estavam cheios, não valia sobrecarregá-los, por isso prometi a mim mesma que havia de regressar e voltar a observar estas obras.
Aconselho vivamente uma visita a esta Exposição, mas não deixem para o final (8 de Janeiro de 2012) porque felizmente está a ser muito concorrida ...
Preço da entrada: cinco euros
* Catálogo da Exposição
** Desdobrável da Exposição
Gostaria de vos mostrar algumas imagens da montagem desta exposição:
Termino este post com uma vista geral da exposição:
Esta é uma exposição a não perder ...
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Os trabalhos de Eva Afonso
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
A não perder ... Exposição " Frida Kahlo - As Suas Fotografias"
No Pavilhão Preto do Museu da Cidade, em Lisboa, vai estar patente, até dia 29 de Janeiro de 2012, uma exposição intitulada: "Frida Kahlo - As suas fotografias".
Esta exposição mostra um pouco da história pessoal de Frida Kahlo e da sua intimidade, do país em que nasceu e da época em que viveu.
Pablo Ortiz Monasterio (historiador e fotógrafo mexicano) seleccionou 257 das 6500 fotografias que fazem parte do espólio da Casa Azul/ Museu Frida Kahlo no México e comissariou esta exposição constituída por seis núcleos: Os Pais: Guillermo e Matilde; A Casa Azul; O Corpo Acidentado; Os Amores de Frida; A Fotografia; e A Luta Política.
Do acervo da Casa Azul/ Museu Frida Kahlo fazem parte, entre outros objectos, vestidos, livros, revistas, documentos, fotografias, muitas fotografias ... e são algumas dessas fotografias ( não essas ... mas fotos de fotos executadas pelo fotógrafo mexicano Gabriel Figueroa) que podemos apreciar no Museu da Cidade, em Lisboa.
Esta é uma exposição a não perder ...
Esta exposição mostra um pouco da história pessoal de Frida Kahlo e da sua intimidade, do país em que nasceu e da época em que viveu.
Pablo Ortiz Monasterio (historiador e fotógrafo mexicano) seleccionou 257 das 6500 fotografias que fazem parte do espólio da Casa Azul/ Museu Frida Kahlo no México e comissariou esta exposição constituída por seis núcleos: Os Pais: Guillermo e Matilde; A Casa Azul; O Corpo Acidentado; Os Amores de Frida; A Fotografia; e A Luta Política.
Do acervo da Casa Azul/ Museu Frida Kahlo fazem parte, entre outros objectos, vestidos, livros, revistas, documentos, fotografias, muitas fotografias ... e são algumas dessas fotografias ( não essas ... mas fotos de fotos executadas pelo fotógrafo mexicano Gabriel Figueroa) que podemos apreciar no Museu da Cidade, em Lisboa.
Esta é uma exposição a não perder ...
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Observando um Quadro ... de Goya- nº 18
Hoje, segundo a tradição, comemora-se a Noite das Bruxas e mesmo para aqueles que não acreditam nelas, há que ter em conta a velha frase popular da Galiza "eu non creo nas meigas, mais habelas hainas" - ( eu não acredito em bruxas, mas elas existem).
Não sei se Goya acreditava nelas, mas que as pintou, pintou ...
Francisco Goya (1746/1828), durante a sua longa vida, testemunhou um dos períodos mais conturbados da História da Europa. Viveu uma época marcada pelas ideias iluministas, pela Revolução Francesa e pelas Guerras Napoleónicas.
Entre 1808 e 1814 assitiu aos horrores da Guerra Peninsular, quando as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram a Espanha, depõem o rei e o substituem pelo seu irmão José Bonaparte.
São deste período algumas das pinturas mais dramáticas de Goya.
Já antes da Revolução Francesa e das campanhas napoleónicas muitos artistas "agarraram" em temas relacionados com a morte, mas Francisco Goya foi, talvez, um dos mais arrojados quer nos temas que escolheu, quer na forma como os tratou.
Goya, após prolongada doença, passou de "pintor da corte" a "pintor político" e "crítico social" e as suas obras deixaram de transmitir apenas o mundo exterior em que vivia, para passar a revelar também as visões e os pesadelos que existiam no seu pensamento.
Em 1799 publicou uma série de 80 gravuras a água-forte intitulada "Caprichos" - palavra que está relacionada com fantasias pessoais e extravagâncias - que Goya caracterizava como caricaturas que não pretendiam atacar ninguém (esta era certamente uma forma de se defender e proteger de ataques jurídicos). Mas é precisamente através destas gravuras que Goya se dá a conhecer como apoiante das ideias iluministas.
Mas a par das gravuras perturbadoras da série "Caprichos" pintou também telas representando feitiçarias, assassinatos e a loucura.
O quadro "Bruxas no Ar" faz parte desse período do pintor.
Francisco Goya
"Bruxas no Ar"
Óleo sobre tela - 43,5x31,5 cm
1797-1798
Madrid, Colecção Jaime Ortiz Patiño
Neste quadro Goya pinta bruxas que se elevam enquanto sugam o sangue de alguém moribundo ou já morto. No solo um homem cobre a cabeça com um pano branco e faz "figas" com os dedos para afastar os maus espíritos, enquanto outro, aterrorizado, deitado no chão, protege a cara com as mãos para não ver a cena.
Esta noite das Bruxas sugeriu-me a apresentação deste quadro de Goya.
Não sei se Goya acreditava nelas, mas que as pintou, pintou ...
Francisco Goya (1746/1828), durante a sua longa vida, testemunhou um dos períodos mais conturbados da História da Europa. Viveu uma época marcada pelas ideias iluministas, pela Revolução Francesa e pelas Guerras Napoleónicas.
Entre 1808 e 1814 assitiu aos horrores da Guerra Peninsular, quando as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram a Espanha, depõem o rei e o substituem pelo seu irmão José Bonaparte.
São deste período algumas das pinturas mais dramáticas de Goya.
Já antes da Revolução Francesa e das campanhas napoleónicas muitos artistas "agarraram" em temas relacionados com a morte, mas Francisco Goya foi, talvez, um dos mais arrojados quer nos temas que escolheu, quer na forma como os tratou.
Goya, após prolongada doença, passou de "pintor da corte" a "pintor político" e "crítico social" e as suas obras deixaram de transmitir apenas o mundo exterior em que vivia, para passar a revelar também as visões e os pesadelos que existiam no seu pensamento.
Em 1799 publicou uma série de 80 gravuras a água-forte intitulada "Caprichos" - palavra que está relacionada com fantasias pessoais e extravagâncias - que Goya caracterizava como caricaturas que não pretendiam atacar ninguém (esta era certamente uma forma de se defender e proteger de ataques jurídicos). Mas é precisamente através destas gravuras que Goya se dá a conhecer como apoiante das ideias iluministas.
Mas a par das gravuras perturbadoras da série "Caprichos" pintou também telas representando feitiçarias, assassinatos e a loucura.
O quadro "Bruxas no Ar" faz parte desse período do pintor.
Francisco Goya
"Bruxas no Ar"
Óleo sobre tela - 43,5x31,5 cm
1797-1798
Madrid, Colecção Jaime Ortiz Patiño
Neste quadro Goya pinta bruxas que se elevam enquanto sugam o sangue de alguém moribundo ou já morto. No solo um homem cobre a cabeça com um pano branco e faz "figas" com os dedos para afastar os maus espíritos, enquanto outro, aterrorizado, deitado no chão, protege a cara com as mãos para não ver a cena.
Esta noite das Bruxas sugeriu-me a apresentação deste quadro de Goya.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Saturno de Goya e de Vik Muniz
No Museu do Prado, Madrid, encontra-se uma pintura que me causa alguma perplexidade - a obra "Saturno" de Francisco Goya.
Francisco Goya
"Saturno"
Óleo sobre tela - 146x83cm
1820-1823
Este quadro faz parte das chamadas "pinturas negras" da casa de Goya. Nelas as figuras aparecem de olhos esbugalhados, mostrando o branco na parte superior e as pupilas na inferior, as bocas surgem abertas ou a comer. É deste modo que Goya pinta Saturno, rei dos Titãs.
Saturno é o deus romano que foi equiparado ao grego Cronos, filho de Úrano (o Céu) e de Geia (a Terra).
Avisado, pela sua mãe ou pelo oráculo, que um dos seus filhos o deporia do trono, devorou-os um a um à medida que nasciam.
Goya ao pintar este quadro, quis dar-nos esta visão de horror, para isso utilizou um pincel grosso registando toda a acção com um realismo brutal. Esqueceu todas as referências deste mito antigo e apenas nos mostra um monstro devorando avidamente um cadáver.
Pois foi precisamente este um dos quadros que Vik Muniz "retrabalhou", reproduzindo-o em grande escala.
Vik Muniz
"Saturno devorando um dos seus filhos, depois de Francisco Goya"
2005
Vik Muniz "construiu" esta obra com lixo e uma das leituras possíveis será pretender mostrar-nos que, tal como Saturno, enlouquecido pelo poder, não quer dar espaço às gerações seguintes, também a sociedade de consumo está indiferente ao mundo que deixa às novas gerações.
Tal como no mito de Saturno é preciso proteger a sua mãe Geia (a Terra)!
Francisco Goya
"Saturno"
Óleo sobre tela - 146x83cm
1820-1823
Este quadro faz parte das chamadas "pinturas negras" da casa de Goya. Nelas as figuras aparecem de olhos esbugalhados, mostrando o branco na parte superior e as pupilas na inferior, as bocas surgem abertas ou a comer. É deste modo que Goya pinta Saturno, rei dos Titãs.
Saturno é o deus romano que foi equiparado ao grego Cronos, filho de Úrano (o Céu) e de Geia (a Terra).
Avisado, pela sua mãe ou pelo oráculo, que um dos seus filhos o deporia do trono, devorou-os um a um à medida que nasciam.
Goya ao pintar este quadro, quis dar-nos esta visão de horror, para isso utilizou um pincel grosso registando toda a acção com um realismo brutal. Esqueceu todas as referências deste mito antigo e apenas nos mostra um monstro devorando avidamente um cadáver.
Pois foi precisamente este um dos quadros que Vik Muniz "retrabalhou", reproduzindo-o em grande escala.
Vik Muniz
"Saturno devorando um dos seus filhos, depois de Francisco Goya"
2005
Vik Muniz "construiu" esta obra com lixo e uma das leituras possíveis será pretender mostrar-nos que, tal como Saturno, enlouquecido pelo poder, não quer dar espaço às gerações seguintes, também a sociedade de consumo está indiferente ao mundo que deixa às novas gerações.
Tal como no mito de Saturno é preciso proteger a sua mãe Geia (a Terra)!
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Retrato (s) de ... Franz Liszt
No último post recebi uma sugestão de um leitor deste blogue, a qual muito agradeço e
aqui fica para nosso gáudio.
aqui fica para nosso gáudio.
sábado, 22 de outubro de 2011
Retrato (s) de ... Franz Liszt
Completam-se hoje 200 anos sobre o nascimento de Franz Liszt (1811-1886), considerado unanimemente um dos maiores compositores de todos os tempos, assim como um pianista genial. Sobre este príncipe do Romantismo Alan Walker, a propósito do seu virtuosismo como pianista, escreveu “ Liszt era um fenómeno natural e a audiência era dominada por ele ... com a sua cativante personalidade e a sua larga melena de cabelo solto criou uma encenação assombrosa. Muitas das testemunhas declararam, mais tarde, que a forma de interpretar do pianista elevou o estado de ânimo dos espectadores a um nível de extâse místico”.
Mas Liszt não foi só imortalizado pela genialidade da sua obra, foi-o também por alguns fotógrafos e pintores da sua época.
Para assinalar esta data elejo dois quadros, de dois artistas que o pintaram: Henri Lehmann (1814-1882) e Josef Danhauser (1805-1845).
O primeiro foi amigo de Liszt, aluno de Ingres e mestre de Camille Pissarro e Georges Seurat. Retratou também Gounod, Chopin, Stendhal, entre outros notáveis seus contemporâneos.
Henri Lehmann
"Retrato de Franz Liszt2
Óleo sobre tela - 1,130x 0,860cm
1839
Museu Carnavalet - Paris
O segundo, Josef Danhauser, um artista austríaco, foi um elemento proeminente do período Biedermeier e pintou, em 1840, este imaginativo retrato colectivo.
Josef Danhauser
"Franz Liszt fantasiando ao piano"
Óleo sobre tela - 119x167cm
1840
Neste retrato de conjunto podem ser identificados, sobre o piano o busto de Ludwig van Beethoven; sentados da esquerda para a direita, Alexandre Dumas (pai), George Sand, Franz Liszt, Marie d´Agoult; de pé Hector Berlioz ou Victor Hugo, Niccolo Paganini, Gioachino Rossini. Na parede podemos ainda ver um retrato de Byron e sobre uma consola, à esquerda, uma estátua de Joana d´Arc.
Aqui deixo uma singela homenagem a Franz Liszt e aos que o pintaram.
Mas Liszt não foi só imortalizado pela genialidade da sua obra, foi-o também por alguns fotógrafos e pintores da sua época.
Para assinalar esta data elejo dois quadros, de dois artistas que o pintaram: Henri Lehmann (1814-1882) e Josef Danhauser (1805-1845).
O primeiro foi amigo de Liszt, aluno de Ingres e mestre de Camille Pissarro e Georges Seurat. Retratou também Gounod, Chopin, Stendhal, entre outros notáveis seus contemporâneos.
Henri Lehmann
"Retrato de Franz Liszt2
Óleo sobre tela - 1,130x 0,860cm
1839
Museu Carnavalet - Paris
O segundo, Josef Danhauser, um artista austríaco, foi um elemento proeminente do período Biedermeier e pintou, em 1840, este imaginativo retrato colectivo.
Josef Danhauser
"Franz Liszt fantasiando ao piano"
Óleo sobre tela - 119x167cm
1840
Neste retrato de conjunto podem ser identificados, sobre o piano o busto de Ludwig van Beethoven; sentados da esquerda para a direita, Alexandre Dumas (pai), George Sand, Franz Liszt, Marie d´Agoult; de pé Hector Berlioz ou Victor Hugo, Niccolo Paganini, Gioachino Rossini. Na parede podemos ainda ver um retrato de Byron e sobre uma consola, à esquerda, uma estátua de Joana d´Arc.
Aqui deixo uma singela homenagem a Franz Liszt e aos que o pintaram.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
A não perder ... Exposição VIK - Vik Muniz
Entrar num Museu e depararmo-nos com obras executadas com materiais completamente improváveis, instáveis ou mesmo perecíveis como a calda de chocolate, o açúcar, a pasta de amendoim, o caviar ou o lixo ... arregalam-se-nos os olhos!
Assim é a exposição VIK do artista brasileiro Vik Muniz patente no Museu Colecção Berardo, Lisboa, até ao último dia do ano de 2011.
Vik Muniz nasceu em 1961 em São Paulo, Brasil, e vive actualmente em Nova Iorque.
Desde que começou a trabalhar, teve sempre como objectivo: comunicar com as massas através do desempenho de vários papéis como designer, escultor, fotógrafo, pintor, crítico, criador de ilusões...
Esta exposição reune cerca de 100 obras desde os anos 80 até à actualidade constituindo uma retrospectiva da obra deste artista, fazendo com que o espectador perceba o processo criativo do autor e a evolução do seu trabalho.
Para Vik Muniz "a arte não é para a elite", por isso " o desafio [do meu trabalho] é levá-lo para um público mais diversificado, com a esperança de atrair mais interesse para o universo das artes plásticas, que oferece tanto para tão poucos" - Vik Muniz.
Ultimamente este artista desenvolveu projectos que envolvem comunidades desprotegidas e problemáticas como as dos Meninos de rua de São Paulo ou a dos "catadores" de lixo no Rio de Janeiro. Este último deu origem ao filme "Lixo Extraordinário" que teve o prémio do público de melhor documentário no Festival de Sundance em 2010.
Para quem não conhece a obra deste artista coloco aqui algumas imagens do seu trabalho, utilizando apenas o critério da diversidade de materiais, e um pequeno vídeo que nos mostra de alguma forma o seu processo criativo.
Material - calda de chocolate
Material - geleia de uva e manteiga de amendoim
Material - macarrão e molho de tomate
Material - diamantes
Material - lixo
Poderia colocar mais imagens mas creio que para amostra chega. Vale a pena ir ao Museu Colecção Berardo, (Centro Cultural de Belém) ver estas e outras obras, pois lá ganham outra magnificência.
Esta é uma Exposição a não perder ... e tem entrada gratuita.
Assim é a exposição VIK do artista brasileiro Vik Muniz patente no Museu Colecção Berardo, Lisboa, até ao último dia do ano de 2011.
Vik Muniz nasceu em 1961 em São Paulo, Brasil, e vive actualmente em Nova Iorque.
Desde que começou a trabalhar, teve sempre como objectivo: comunicar com as massas através do desempenho de vários papéis como designer, escultor, fotógrafo, pintor, crítico, criador de ilusões...
Esta exposição reune cerca de 100 obras desde os anos 80 até à actualidade constituindo uma retrospectiva da obra deste artista, fazendo com que o espectador perceba o processo criativo do autor e a evolução do seu trabalho.
Para Vik Muniz "a arte não é para a elite", por isso " o desafio [do meu trabalho] é levá-lo para um público mais diversificado, com a esperança de atrair mais interesse para o universo das artes plásticas, que oferece tanto para tão poucos" - Vik Muniz.
Ultimamente este artista desenvolveu projectos que envolvem comunidades desprotegidas e problemáticas como as dos Meninos de rua de São Paulo ou a dos "catadores" de lixo no Rio de Janeiro. Este último deu origem ao filme "Lixo Extraordinário" que teve o prémio do público de melhor documentário no Festival de Sundance em 2010.
Para quem não conhece a obra deste artista coloco aqui algumas imagens do seu trabalho, utilizando apenas o critério da diversidade de materiais, e um pequeno vídeo que nos mostra de alguma forma o seu processo criativo.
Material - calda de chocolate
Material - geleia de uva e manteiga de amendoim
Material - macarrão e molho de tomate
Material - diamantes
Material - lixo
Poderia colocar mais imagens mas creio que para amostra chega. Vale a pena ir ao Museu Colecção Berardo, (Centro Cultural de Belém) ver estas e outras obras, pois lá ganham outra magnificência.
Esta é uma Exposição a não perder ... e tem entrada gratuita.
domingo, 2 de outubro de 2011
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Um olhar ... José Escada
"Nós devemos a cada instante, reconquistar o sentido da vista, pois os nossos olhos transformam-se rapidamente em holofotes distraídos.
Olhemos, por consequência, gratuitamente."
José Escada
José Escada nasceu em Lisboa em 1934.
Ainda antes dos 20 anos, teve um atelier no Rossio, com Lourdes Castro, René Bertholo, João Vieira e Gonçalo Duarte, seus companheiros da ESBAL (Escola Superior de Belas Artes de Lisboa).
Muito activos começaram a participar em exposições, sobretudo nas iniciativas da Sociedade Nacional de Belas Artes e editaram de 1953 a 1955 a revista VER.
Profundamente católico, José Escada aderiu ao Movimento de Renovação de Arte Religiosa.
Nos finais dos anos 50 parte para Paris.
Em 1960, com os companheiros de atelier, que também tinham partido para Paris e a que se juntaram Costa Pinheiro, Jan Voss e Christo Javacheff forma o KWY. O grupo expõe em Sarrebrucken, Lisboa, Paris e Rio de Janeiro.
Em 1962, em Roma, concedeu uma entrevista à rádio italiana onde criticou o regime de Salazar, facto que lhe valeu o estatuto de exilado.
Em 1968, Marcelo Caetano pôs fim ao seu exílio político.
José Escada faz parte do grupo de artistas que contribuiram, nos anos 60, para a renovação da arte portuguesa.
Tirando algumas obras dos anos 60 os seus desenhos, pinturas e recortes têm quase sempre uma matriz figurativa.
Morre em 1980, com 46 anos.
Maria Arlete Alves da Silva (texto adaptado)
Olhemos, por consequência, gratuitamente."
José Escada
José Escada nasceu em Lisboa em 1934.
Ainda antes dos 20 anos, teve um atelier no Rossio, com Lourdes Castro, René Bertholo, João Vieira e Gonçalo Duarte, seus companheiros da ESBAL (Escola Superior de Belas Artes de Lisboa).
Muito activos começaram a participar em exposições, sobretudo nas iniciativas da Sociedade Nacional de Belas Artes e editaram de 1953 a 1955 a revista VER.
Profundamente católico, José Escada aderiu ao Movimento de Renovação de Arte Religiosa.
Nos finais dos anos 50 parte para Paris.
Em 1960, com os companheiros de atelier, que também tinham partido para Paris e a que se juntaram Costa Pinheiro, Jan Voss e Christo Javacheff forma o KWY. O grupo expõe em Sarrebrucken, Lisboa, Paris e Rio de Janeiro.
Em 1962, em Roma, concedeu uma entrevista à rádio italiana onde criticou o regime de Salazar, facto que lhe valeu o estatuto de exilado.
Em 1968, Marcelo Caetano pôs fim ao seu exílio político.
José Escada faz parte do grupo de artistas que contribuiram, nos anos 60, para a renovação da arte portuguesa.
Tirando algumas obras dos anos 60 os seus desenhos, pinturas e recortes têm quase sempre uma matriz figurativa.
Morre em 1980, com 46 anos.
Maria Arlete Alves da Silva (texto adaptado)
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
A não perder ... Exposição de José Escada
Visitei há algumas semanas uma exposição do pintor José Escada (1934-1980), no Centro de Arte-Colecção Manuel de Brito, Palácio Anjos/Algés, que vai estar patente até dia 2 de Outubro.
Esta exposição mostra um conjunto considerável de obras, mais de 70 de 1951 a 1979, percorrendo as várias fases do pintor.
Mas a obra de José Escada, apesar desta exposição, permanece ainda desconhecida e a necessitar de um trabalho de pesquisa e apresentação/divulgação mais vasto.
José Escada começou como artista por volta dos anos 50, nesta fase a sua obra aproxima-se de Jean Bazaine e Alfred Manessier pela abordagem que estes pintores fizeram à arte religiosa. Nos anos 60, quando já estava emigrado/exilado em Paris admirou Paul Klee e Matisse e na sua fase de realismo simbólico aproximou-se da Gauguin.
Segundo Eurico Gonçalves "O trajecto estético de José Escada passa pelo informalismo
gestual , a pintura-desenho de signos-neofigurativos a caligrafias em relevo, recortadas em cartolina e material plástico de cor translúcida, antes de desembocar no realismo poético, autobiográfico e intimista, da sua derradeira fase".
Fiquei interessada em conhecer a obra deste artista que tão precocemente deixou a vida (aos 46 anos).
Mas como escreveu António Alçada Baptista, seu amigo, "Para os que julgam que ele acabou no desespero, posso assegurar que, cada vez mais despojado das coisas, morreu na esperança e que, com ela, manteve até ao fim o olhar, a curiosidade e a inquietação da infância".
Foi este olhar, esta curiosidade e esta inquietação que encontrei tanto nos trabalhos a tinta da china, como nos com jogos de cor e formas simétricas que se repetem, repetem ...
Mas as minhas emoções explodiram numa pequena sala, tão intimista, quase um relicário, onde estão expostas as obras que mais me sensibilizaram: "Rosácea", "A levitação", "Pensando em Chartres" ...
Esta é uma exposição a não perder...
José Escada
"Pensando em Chartres"
Óleo sobre tela - 32x46cm
1971
Referências:
"Repetir transformando" - José Luis Porfírio - Suplemento Atual do Semanário Expresso - 6/8/2011;
"O senhor dos papéis" - Cláudia Almeida - Revista Visão - 8/9/2011;
"José Escada no CAMB - Centro de Arte Manuel de Brito" - Catálogo da Exposição;
"José Escada" - Folheto Informativo da Exposição
Esta exposição mostra um conjunto considerável de obras, mais de 70 de 1951 a 1979, percorrendo as várias fases do pintor.
Mas a obra de José Escada, apesar desta exposição, permanece ainda desconhecida e a necessitar de um trabalho de pesquisa e apresentação/divulgação mais vasto.
José Escada começou como artista por volta dos anos 50, nesta fase a sua obra aproxima-se de Jean Bazaine e Alfred Manessier pela abordagem que estes pintores fizeram à arte religiosa. Nos anos 60, quando já estava emigrado/exilado em Paris admirou Paul Klee e Matisse e na sua fase de realismo simbólico aproximou-se da Gauguin.
Segundo Eurico Gonçalves "O trajecto estético de José Escada passa pelo informalismo
gestual , a pintura-desenho de signos-neofigurativos a caligrafias em relevo, recortadas em cartolina e material plástico de cor translúcida, antes de desembocar no realismo poético, autobiográfico e intimista, da sua derradeira fase".
Fiquei interessada em conhecer a obra deste artista que tão precocemente deixou a vida (aos 46 anos).
Mas como escreveu António Alçada Baptista, seu amigo, "Para os que julgam que ele acabou no desespero, posso assegurar que, cada vez mais despojado das coisas, morreu na esperança e que, com ela, manteve até ao fim o olhar, a curiosidade e a inquietação da infância".
Foi este olhar, esta curiosidade e esta inquietação que encontrei tanto nos trabalhos a tinta da china, como nos com jogos de cor e formas simétricas que se repetem, repetem ...
Mas as minhas emoções explodiram numa pequena sala, tão intimista, quase um relicário, onde estão expostas as obras que mais me sensibilizaram: "Rosácea", "A levitação", "Pensando em Chartres" ...
Esta é uma exposição a não perder...
José Escada
"Pensando em Chartres"
Óleo sobre tela - 32x46cm
1971
Referências:
"Repetir transformando" - José Luis Porfírio - Suplemento Atual do Semanário Expresso - 6/8/2011;
"O senhor dos papéis" - Cláudia Almeida - Revista Visão - 8/9/2011;
"José Escada no CAMB - Centro de Arte Manuel de Brito" - Catálogo da Exposição;
"José Escada" - Folheto Informativo da Exposição
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Observando um Quadro ... Outras Dánae - nº 17
No último post escrevi sobre algumas "Dánae" de Ticiano e digo isto porque além das que vos apresentei existem outras que são atribuídas a Ticiano.
Mas como prometi vou continuar com este tema mitológico visto por outros pintores.
Rembrandt (1606-1669) foi outro artista que representou Dánae.
Rembrandt
"Dánae"
Óleo sobre tela - 185x202,5cm
Museu do Hermitage - São Petersburgo
Esta obra é incrivelmente audaz para a pintura holandesa do século XVII; mostra-nos uma mulher completamente nua e muito próxima do observador.
Rembrandt não representou a chuva de ouro, alterando assim a clássica iconografia do encontro amoroso entre Dánae e Zeus.
Esta heroína mitológica surge neste quadro como esperando o amado e por isso tem sido algumas vezes confundida com Vénus esperando Marte.
Mas o mito de Dánae não podia escapar a Gustav Klimt (1862-1918), porque a sua arte é plena de sensualidade e erotismo. A mulher é o seu principal tema, quase exclusivo: pinta-a nua ou sumptuosamente ornamentada, deitada ou em pé, em todas as posições e atitudes.
Como podia deixar de pintar Dánae?
Klimt não lhe ficou indiferente e na Exposição de 1908 apresenta duas alegorias da humanidade, uma delas Dánae.
Pinta-a como um "paparazzo", tornando-nos "voyeurs" e cúmplices.
Gustav Klimt
"Dánae"
Óleo sobre tela
1907/08
Colecção Privada, Viena
Klimt "fixa" o momento em que Zeus "visitou" Dánae disfarçado de chuva de ouro e dessa visita nasceu um filho: Perseu.
Gustav Klimt escolheu pintar o momento preciso da concepção de Perseu: uma torrente de moedas de ouro misturadas com espermatozóides dourados transbordam entre as coxas volumosas da "princesa adormecida".
O mito de Dánae, para Klimt, não é mais do que um pretexto para representar o extâse amoroso feminino.
Vou deixar-vos com algumas das muitas Dánae pintadas por artistas de várias épocas:
Jan Gossaert (1478-1533)
Antonio da Corregio (c.1489-1534)
Domenico Tintoretto (c. 1518-1594)
Gaspar Becerra (1520-1570)
Hendrik Goltzius (1558- 1617)
Orazio Gentileschi (1563-1639)
Artemisia Gentileschi (1593-1653)
Joachim Wtewael (1566-1638)
Cornelius van Poelenburgh (1594-1667)
Antonio Bellucci (1654-1726)
Giambattista Tiépolo (1696-1770)
François Boucher (1703-1700)
Carolus Duran (1837-1917)
Alexandre Jacques Chantron (1842-1918)
Léon-François Comerre (1850-1916)
Egon Schiele (1890-1918)
Matisse ( 1869-1954)
Mas como prometi vou continuar com este tema mitológico visto por outros pintores.
Rembrandt (1606-1669) foi outro artista que representou Dánae.
Rembrandt
"Dánae"
Óleo sobre tela - 185x202,5cm
Museu do Hermitage - São Petersburgo
Esta obra é incrivelmente audaz para a pintura holandesa do século XVII; mostra-nos uma mulher completamente nua e muito próxima do observador.
Rembrandt não representou a chuva de ouro, alterando assim a clássica iconografia do encontro amoroso entre Dánae e Zeus.
Esta heroína mitológica surge neste quadro como esperando o amado e por isso tem sido algumas vezes confundida com Vénus esperando Marte.
Mas o mito de Dánae não podia escapar a Gustav Klimt (1862-1918), porque a sua arte é plena de sensualidade e erotismo. A mulher é o seu principal tema, quase exclusivo: pinta-a nua ou sumptuosamente ornamentada, deitada ou em pé, em todas as posições e atitudes.
Como podia deixar de pintar Dánae?
Klimt não lhe ficou indiferente e na Exposição de 1908 apresenta duas alegorias da humanidade, uma delas Dánae.
Pinta-a como um "paparazzo", tornando-nos "voyeurs" e cúmplices.
Gustav Klimt
"Dánae"
Óleo sobre tela
1907/08
Colecção Privada, Viena
Klimt "fixa" o momento em que Zeus "visitou" Dánae disfarçado de chuva de ouro e dessa visita nasceu um filho: Perseu.
Gustav Klimt escolheu pintar o momento preciso da concepção de Perseu: uma torrente de moedas de ouro misturadas com espermatozóides dourados transbordam entre as coxas volumosas da "princesa adormecida".
O mito de Dánae, para Klimt, não é mais do que um pretexto para representar o extâse amoroso feminino.
Vou deixar-vos com algumas das muitas Dánae pintadas por artistas de várias épocas:
Jan Gossaert (1478-1533)
Antonio da Corregio (c.1489-1534)
Domenico Tintoretto (c. 1518-1594)
Gaspar Becerra (1520-1570)
Hendrik Goltzius (1558- 1617)
Orazio Gentileschi (1563-1639)
Artemisia Gentileschi (1593-1653)
Joachim Wtewael (1566-1638)
Cornelius van Poelenburgh (1594-1667)
Antonio Bellucci (1654-1726)
Giambattista Tiépolo (1696-1770)
François Boucher (1703-1700)
Carolus Duran (1837-1917)
Alexandre Jacques Chantron (1842-1918)
Léon-François Comerre (1850-1916)
Egon Schiele (1890-1918)
Matisse ( 1869-1954)
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