Estamos quase no final do Verão, mas os dias continuam longos e quentes ... e as praias persistem no apelo a muitos veraneantes. E lá estão elas repletas de corpos bronzeados, estendidos sobre os areais, exalando, à distância, os odores dos protectores solares.
Há estudos científicos, não me perguntem quais, que comprovam que o Sol tem efeitos eufóricos sobre o metabolismo humano. Em dias soalheiros ficamos mais satisfeitos e descontraídos.
Venero o Sol!
Deprimo quando ele se esconde atrás de um espesso cortinado de nevoeiro. Sei que está lá, mas quero vê-lo.
Sou uma adoradora do Sol!
Heródoto ( historiador grego) afirmou que "Os egípcios são de todos os homens os mais religiosos".
Se eu fosse seguidora da religião do antigo Egipto, seria também de todas as mulheres a mais religiosa.
E da imensa diversidade dos deuses egípcios, o meu eleito seria, sem dúvida, Râ, o Sol em todo o seu esplendor.
Pronto, está dito, gosto do Sol!
Gosto das praias ao final do dia, quando se esvaziam e ficam apenas os adoradores do Sol. Gosto quando, na maré-vaza, o mar recua devagar cobrindo a areia e as rochas com rendas de espuma adornadas de cristais de sal brilhando ao Sol.
É na época estival que se concentra a maioria dos períodos de descanso... e que gostoso é estendermo-nos ao Sol à beira-mar ou à beira-rio ...
Hoje captamos muitos desses momentos através das nossas máquinas fotográficas ou de uma panóplia tecnológica, o pintor Georges-Pierre Seurat (1859-1891) registou-os com o pincel, usando uma técnica que podemos considerar percursora da imagem digital.
Georges Seurat
"O Banho em Asnières"
1883-1884
Óleo sobre tela, 200x300 cm
National Gallery, Londres
Georges Seurat
"Um Domingo à tarde na ilha La Grande Jatte"
1885
Óleo sobre tela, 206x306 cm
The Art Institute of Chicago
Os quadros "O banho em Asnières" e "Um domingo à tarde na ilha La Grande Jatte" são o retrato de momentos em que os parisienses fruíam o descanso à beira do rio Sena.
Quer Asnières, quer La Grande Jatte eram locais para onde os parisienses acorriam, nos finais do século XIX, nos dias de Verão para passearem de barco, banharem-se nas águas do Sena ou estenderem-se nas suas margens ao Sol.
Seurat foi o criador do movimento pontilhista, também denominado divisionista.
A partir do estudo dos tratados científicos sobre a cor e a percepção visual, criou um estilo pictórico pessoal que consistia na divisão das pinceladas, ordenadas na tela em pequenos toques regulares de cores puras. Cabia ao olhar do observador efectuar a síntese final.
Cientificamente já tinha sido demonstrado que na retina, a imagem captada aparece sob a forma de uma multitude de pontos minúsculos que a mente depois associa uns aos outros.
Seurat executa os seus quadros a partir de uma profusão de pequenos pontos precisos que, quando vistos no seu conjunto, mostram a forma pictórica com um efeito semelhante ao granulado da ampliação fotográfica.
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