segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Desafio ...

Ao folhear uma colectânea de poemas deparei-me com um de Vinícius de Moraes e que belo poema dedicado à mulher!
Hesitei entre transcrevê-lo completo ou apenas um trecho que ilustrasse o quadro que vos desafio a descobrirem:

 o autor e o título .

 

Decidi pelo     SONETO DE ORFEU   sem cortes ... completo ..., para saborearmos  toda a sua beleza.

São demais os perigos dessa vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar, que atua desvairado
Vem unir-se uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher
Uma mulher que é feita de música
Luar e sentimento, e que a vida
Não quer, de tão perfeita
Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento,
Tão cheia de pudor que vive nua.
Vinícius de Moraes
Quanto ao Desafio ainda o mantenho. 
Aceita?
Qual o Autor e título do quadro deste post? 
Fico à espera do seu comentário.
Até breve...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Viva o Carnaval !


Não sou foliona, nunca o fui ... , mas este ano estou completamente  solidária com todos os foliões.

Viva o Carnaval !




James Ensor
"Intrigue"
1911
Óleo sobre tela

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O incontornável Leonardo da Vinci

A National  Gallery de Londres e agora o Museu do Louvre em Paris colocam perante os nossos olhos algumas obras de Leonardo da Vinci, através de exposições organizadas em redor de períodos bem distintos da vida deste pintor.
A exposição da National Gallery (que terminou este mês) abrangia obras do período em que viveu na corte de Ludovico Sforza - "Leonardo da Vinci: Pintor da Corte de Milão". Esta exposição não incluía a mais famosa obra deste artista - "A Gioconda" (que terá começado a pintar por volta de 1503, quando regressou a Florença, depois do ducado de Milão ter caído nas mãos dos Franceses em 1499).

Pois bem, a partir de 29 de Março a 25 de Junho de 2012, nova exposição, dedicada a Leonardo, terá lugar no Museu do Louvre - "A Última Obra-prima de Leonardo: Santa Ana".

Agora sim, "Gioconda" vai marcar presença, mas não vai estar sozinha!
Lado a lado com ela brilhará uma réplica deste quadro, encontrado nas reservas do Museu do Prado.


Após uma intervenção cuidada esta "Gioconda" mostrou que não é mais uma cópia, mas é um "retrato executado em paralelo, uma espécie de fotocópia pintada em simultâneo por um aluno (Andrea Salai ou Francesco Melsi) , enquanto Leonardo da Vinci pintava a obra-prima" ("The Art Newspaper").

Aqui fica uma (boa) sugestão para os admiradores da obra de Leonardo da Vinci.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Os trabalhos de Eva Afonso


Reprodução do quadro "Peónias"
de Henri Fantin-Latour

Executada por Eva Afonso
2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Observando um Quadro ... de Georg Flegel - nº 21

Nestes dias em que uma vaga de frio varre a Europa, deixando-nos a tiritar, só me apetece  uns docinhos que me forneçam algumas calorias  e uma bebida bem quentinha que me "aqueça" a alma.
Mas é preciso cuidar da silhueta, pois se abuso do açúcar ... ops! ... lá vêm mais alguns quilitos.
Descobri, no entanto, uma fórmula mágica para consumir açúcar sem engordar!
Não acreditam?
Ora vejam:

Georg Flegel
"Natureza-Morta com Pão, Doces, Copo e Borboleta"
c. 1637
Óleo sobre madeira - 21,9x17,1 cm
Frankfurt, am Main, Städel Museum


Nesta pequena obra recheada de doçarias, Georg Flegel (1563-1638) representou, como ninguém, a estrutura cristalina do açúcar cristalizado.

A introdução do açúcar na alimentação europeia provocou uma revolução radical do paladar.
Se antes era o mel que adoçava a vida das populações, a partir do séc. XVI, segundo Duarte Nunes Leão, com "  ... a invenção das ilhas da Madeira, do Cabo Verde, de Sam Tomé e do Brasil, de que vem cada ano tanta carregação de açúcares, não curamos de gastar mel ...".
Mas, se na fase inicial da expansão portuguesa e da produção de açúcar, este apenas se consumia com fins medicinais, a partir do século XVI passa a ser usado na doçaria.
Os banquetes das classes abastadas encheram-se de numerosos pratos e terminavam sempre com sobremesas.

Nesta obra de Georg Flegel aparecem essencialmente doces, que são alimentos dispendiosos elaborados por mestres confeiteiros.
Nela podemos observar frutos secos (figos) e especiarias cobertos com açúcar, que segundo a tradição tinham propriedades medicinais e facilitavam a digestão.

Em cima de uma mesa estão representados: uma tigela chinesa, um copo veneziano, uma tarte, em forma de coração e um pão branco.
A disposição dos alimentos, neste quadro, parece aleatória, no entanto, contém algumas alusões religiosas. Encontramos frutos cristalizados em forma de letras: um "O" maiúsculo e um "A" meio desfeito, representando o Alfa e o Ómega ( a primeira e a última letra do alfabeto grego), como referência a Cristo - o princípio e o fim. Um torrão rectilíneo de açúcar está colocado sobre um pão branco, formando uma cruz, o que nos eleva a Deus. Aparecem ainda o pão e o vinho evocando a Eucaristia.
Flegel não se esqueceu de incluir neste quadro uma borboleta e outros insectos, advertindo-nos para a efemeridade da vida.

Após observar este quadro fiquei saciada, os doces confortaram-me, sem correr o risco de prejudicar a saúde!

Referências:
Bauer, Herman, Andreas Prater - Barroco, Taschen, 2007
Castro, Armando de - Desenvolvimento das actividades produtivas - in História de Portugal, Vol. II, direcção de José Hermano Saraiva, Pub. Alfa, 1983
Schneider, Norbert - Naturezas-Mortas, (A Pintura de Naturezas Mortas nos Primórdios da Idade Moderna), Taschen, 2009