quarta-feira, 27 de abril de 2011

Giotto di Bondone

No último post coloquei uma imagem de um fresco de Giotto, pintado na Capella Scrovegni em Pádua.
Escolhi este trabalho pela temática alusiva à morte de Cristo, mas também por ter sido executado por Giotto di Bondone.
Muitas histórias e mitos se tecem à volta de Giotto.
Gosto particularmente de um episódio em que Cimabue, famoso pintor florentino, ao passar pela pequena cidade de Vicchio, observou o jovem Giotto que, enquanto tomava conta de um rebanho de carneiros, desenhava nas rochas um dos animais com tal precisão que o fascinou.
Sophia de Mello Breyner em "O Cavaleiro da Dinamarca" conta a história do seguinte modo: " Tal como Adão foi o primeiro homem da terra assim Cimabue foi o primeiro pintor da Itália. E foi ele quem descobriu o talento do jovem Giotto.
(...)
Enquanto as ovelhas pastavam a erva tenra de Abril, pastor, ajoelhado em frente dum penedo, desenhava. Era um rapazito que aparentava uns doze anos de idade e estava tão atento, tão absorvido no seu trabalho, que não viu chegar Cimabue (...).
Estava a desenhar um cordeiro. E havia tanto amor, tanta verdade e tanta beleza no seu desenho que o coração de Cimabue se encheu de espanto e de alegria.
(...)
- Como te chamas?
- Giotto.
- Ouve, Giotto. deixa as tuas ovelhas e vem comigo para Florença. Farei de ti meu discípulo e serás um dia um grande pintor."

E esta profecia cumpriu-se - Giotto tornou-se um grande pintor.
Tão afamado que Dante Alighieri na "Divina Comédia" -Purgatório- canto XI , faz uma reflexão sobre a efemeridade de toda a fama terrena e escreve:
"Cimabue acreditava deter o domínio na pintura mas agora o grito vai para Giotto e a fama do anterior é assombrada"

Também Giorgio Vasari, pintor e escritor de arte, descreve a relação entre Cimabue e Giotto como de mestre e aluno, mas ressalta que, a pouco e pouco, Giotto se foi tornando mais célebre, ensombrando o brilho de Cimabue.
Em 1550, Vasari escreveu as biografias dos mais importantes artistas italianos -"Descrição das Vidas dos mais famosos Arquitectos, Pintores e Escultores Italianos", que pode ser considerada a primeira "História da Arte". Nesta obra Vasari designa Giotto como "Pai da Pintura", fazendo-o encabeçar a lista dos pintores da modernidade.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Votos de Feliz Páscoa



Giotto di Bondone
"A Deposição de Cristo" ou "Lamentação pela Morte de Cristo"
(Pormenor do ciclo Cenas da Vida da Virgem e de Jesus)
Fresco - 200x185cm
Capella degli Scrovegni - Pádua
1303-1306

terça-feira, 12 de abril de 2011

Desafios ... Resposta: René Magritte

"Se eu soubesse pintar"

"Não tenho, nunca tive, engenho para a pintura,
mas se o tivesse gostava de pintar como Magritte ... "
José Jorge Letria

Cá está a resposta a este desafio:

Pintor - René Magritte
Título - "Saudade"
Ano - 1940



Segundo Marcel Paquet: " Magritte vira subversivamente do avesso a percepção: os objectos que pinta são todos claramente reconhecíveis provém de uma esfera banal e quotidiana, contudo, logo que pintados de uma forma bastante académica (...) mudam, e tudo mergulha na incerteza." *

Este pintor vai-se libertando das aparências de uma forma provocadora e surpreendente.
Assim, neste quadro, o leão e o homem alado ali estão, lado a lado, numa ponte, um sítio onde não parecem pertencer.
O homem está, de costas, perdido nos seus pensamentos, sonhando, melancolicamente, em fugir, voar ou até morrer, parece que quer escapar à prisão que este mundo representa.

* Parquet, Marcel - "Magritte" - Taschen - 1992

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Desafios ...

Mais uma vez lanço um repto àqueles que, além de amarem a Pintura, gostam de responder a desafios ...

Qual o pintor deste quadro?



Para polvilhar este desafio vou utilizar pepitas brilhantes de um poema de José Jorge Letria intitulado : "Se eu soubesse pintar", mas a que falta o nome do pintor.

"Não tenho, nunca tive, engenho para a pintura,
mas se o tivesse gostava de pintar como ....... ,
que é como quem diz: gostava de trocar as voltas ao mundo,
deixando, pelo menos na aparência, o essencial no seu lugar.
Gostava de inventar anjos vestidos de burocratas,
de encher as telas com espelhos que fossem janelas
abertas para outros espelhos que mostrassem a paisagem
manchada de sangue e de tinta de pintar papagaios de papel,
gostava de inventar reis com pés de mármore e de bronze,
paralisados na inércia imemorial dos seus tronos,
gostava de apedrejar estátuas gregas com maçãs de prata
e de retratar os deuses e os mitos com a inocência
desnorteante dos meninos perdidos na imensidão dos areais.
Mas eu não sei pintar, nem sequer me atrevo a tentar,
pois não seria audácia digna de perdão.

Eu pinto no que escrevo as coisas de que me lembro,
as que vão levedando na água turva da memória
alucinada pela pressa de uma vida a tentar viver
várias vidas de uma vez só."


Bom desafio ...

Ah! ...
Será dificultar pedir-vos o título deste Quadro?

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os trabalhos de Eva Afonso



Eva Afonso
"Pausa na caminhada" - Serra de Sintra
Óleo sobre tela - 55x46cm
2011