O que é prometido é devido e cá estou para escrever sobre alguns dos muitos auto-retratos de Van Gogh. Vou seguir a ordem cronológica para podermos apreciar as mudanças ocorridas na obra deste artista, tanto a nível da técnica pictórica como do seu estado psicológico.
Van Gogh
"Auto-Retrato com Cachimbo"
Óleo sobre tela - 46x38cm
Paris, Primavera de 1886
Amesterdão, Museu Van Gogh
Este é um auto-retrato típico das suas primeiras pinturas.
Pintado em tons terra escuros, criando uma imagem de dignidade. Nele encontramos influência da pintura holandesa.
Van Gogh
"Auto-Retrato com Chapéu de Feltro Cinzento"
Óleo sobre cartolina - 41x32cm
Paris, Inverno 1886/1887
Amesterdão, Museu Stedeliijk
(empréstimo do Museu Van Gogh)
Este auto-retrato de Van Gogh mostra já a influência dos impressionistas, através do uso da cor e da pincelada.
Neste quadro utilizou ainda a mistura anterior de castanhos e cinzas à qual juntou pinceladas de cores puras - aumentando a vitalidade da cor.
É de realçar o vigor da pincelada, transmitindo deste modo o contraste entre a aspereza do casaco e a suavidade do chapéu de feltro.
Van Gogh
"Auto-Retrato"
Óleo sobre cartolina - 42x33,7cm
Paris, Primavera de 1887
Chicago, Instituto de Arte de Chicago
Observando este quadro, podemos verificar a influência que Van Gogh sofreu de Georges Seurat (pontilhismo).
Mas Van Gogh foi mais longe e ultrapassou a simples técnica de pequenos pontos de cor que se fundem quando vistos à distância. Van Gogh mostrou, neste auto-retrato todo o seu génio no poder expressivo da cor, usando os salpicos de cor no tecido do casaco e no fundo, mas não no rosto.
Van Gogh nunca aderiu inteiramente a uma tendência. Experimentava as coisas e ia buscar aquilo que se adaptava ao seu reportório artístico.
Van Gogh
"Auto-Retrato com Chapéu de Palha"
Óleo sobre tela - 40,5x32,5cm
Paris, Verão de 1887
Amesterdão, Museu Van Gogh
Este auto-retrato, segundo Rainer Metzger e Ingo F. Walther, "contém uma alegre e estival abundância de amarelos na camisa, rosto, chapéu e até no fundo. Algumas pinceladas violeta cuidadosamente dispostas acrescentam uma subtil nota contrastante. É só na cor de ginja na barba que Van Gogh ainda mantém o princípio da cor local; mas mesmo aqui o vermelho é usado demasiado esporadicamente para ser qualificado como descritivo.
O rosto familiar do artista tornou-se um retrato de experiência visual. Os traços básicos do seu rosto foram naturalmente mantidos e a mistura singular de Van Gogh de timidez e severidade rapidamente se identifica."
E por hoje propositadamente interrompo a observação de alguns auto-retratos de Van Gogh, pois na última fase da vida deste artista a abordagem que faz da sua própria imagem tem características diferentes (pelo menos a nível visual, pois a sua decadência psicológica está presente).
Voltarei em breve para escrever sobre este pintor genial.
Sem comentários:
Enviar um comentário