Gosto de retratos ... de observar álbuns de retratos, não por ter saudades do passado, mas pelo que o passado nos pode dar de ensinamento para o presente e para o futuro.
Mas gosto particularmente de retratos pintados.
Mozart (1756-1791) foi um dos compositores mais retratados, mas não sei se alguns desses retratos correspondem à imagem deste músico.
Dos muitos retratos de Mozart, os que a seguir apresento têm sido considerados autênticos.
Mozart na Corte da Imperatriz Maria Teresa
"Mozart na Corte da Imperatriz Maria Teresa"
Óleo atribuído a Pietro Antonio Lorenzoni
1763
Museu Mozart - Salzburgo
Este quadro é oriundo de Trento e foi pintado, provavelmente em Salzburgo, no ano seguinte às apresentações do menino Mozart, com apenas seis anos.
É de salientar o contraste entre a face infantil e rosada e o fato de gala (de adulto) oferecido pela imperatriz Maria Teresa.
Leopold com Wolfgang e Nannerl
"Leopold com Wolfgang e Nannerl"
Aguarela de Louis Carrogis de Carmontelle.
1763
British Museum
Esta aguarela pintada em Paris e posteriormente gravada por Jean-Baptiste Delafosse, é provavelmente o quadro original a partir do qual foram feitas várias cópias.
Em Junho de 1763, as três personagens representadas no quadro iniciam a primeira viagem pela Europa.
Esta obra de Carmontelle permite dar a conhecer ao grande público o rosto de Mozart e
na imprensa da época, pode ler-se o seguinte anúncio: "Aqui vê-se o jovem Mozart a tocar cravo, a sua irmã, ao lado, a olhar uma pauta musical e o seu pai atrás dele acompanhando-o com violino".
Mozart em Verona
"Mozart em Verona"
Óleo pintado por Saverio dalla Rosa
1770
Colecção particular de Alfred Cortot - Lausanne
Este quadro mostra Mozart com catorze anos, a iniciar a interpretação de uma composição para pianoforte.
Em finais de 1769 Wolfgang viaja com o pai para Innsbruck e depois para Verona, onde este retrato é pintado.
Segundo o destacado musicólogo Otto Erich Deutsch, este é o melhor retrato do jovem Mozart.
Mozart como Cavaleiro da Ordem da Espora Dourada
"Mozart como Cavaleiro da Ordem da Espora Dourada"
Pintura a óleo de autor desconhecido
1777
Museu Cívico e Musical de Bolonha
Este quadro é uma cópia feita pelo padre Giovanni Battiste Martini, com quem Mozart estudou em 1770 e 1777, aquando das visitas que fez à Itália.
Curiosa foi a visita de Mozart à Basílica de S. Pedro, em Roma em 1770, onde ouviu o "Miserere" do músico Gregorio Allegri e cuja partitura o papado proibia que saísse da Capela Sistina, para que não fossem feitas cópias. Mozart, com catorze anos, após a audição copiou toda a composição de memória. O papa Clemente XIV, em vez de o excomungar, como estava determinado para os infractores, distinguiu-o como Cavaleiro da Ordem da Espora Dourada, como ficou registado neste retrato.
A Família Mozart
"A Família Mozart"
Pintura a óleo de Johann Nepomuk della Croce
1780-81
Museu Mozart - Salzburgo
Neste quadro vê-se Leopold Mozart a segurar um violino e os filhos Wolfgang e Nannerl num gesto de interpretar piano a quatro mãos. Na parede está pendurada uma pintura da mãe, Anna Maria (já falecida). Ao fundo a figura de Apolo quer mostrar-nos que a família Mozart amava a música.
Mozart ao pianoforte
"Mozart ao pianoforte"
Pintura de Joseph Lange
1789-1790
Museu Mozart - Salzburgo
Esta pintura tem um tamanho surpreendetemente pequeno, mas foi executada com grande mestria, embora esteja inacabada.
Olhando a imagem parece que Mozart está a olhar a partitura antes de iniciar uma interpretação ao piano.
Este retrato foi pintado, pelo seu cunhado, pouco antes da morte prematura do compositor aos trinta e cinco anos e revela o calor e a proximidade de quem o conhecia bem e o apreciava.
Retrato de Mozart
"Retrato de Mozart"
Pintura de Barbara Krafft
1819
Sociedade dos Amigos da Música - Viena
Este quadro é considerado um retrato próximo das feições do compositor, embora tenha sido executado já depois da sua morte.
Que prazer é folhear este álbum de retratos, relembrar e homenagear Mozart, um génio universal e eterno e ... ouvir a sua música !!!
domingo, 30 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
sábado, 22 de maio de 2010
Observando um Quadro ... de van Gogh ...nº 8
Van Gogh
"Père Tanguy"
Óleo sobre tela - 73x92cm
1887
Museu Rodin - Paris
Quem foi Julien Tanguy, considerado pelos pintores impressionistas um herói e tratado por eles carinhosamente como "Père Tanguy"?
Era um homem generoso, utopista, que comerciava na sua pequena loja, em Paris, materiais de pintura a crédito ou a troco de quadros de artistas pobres. Alguns pintores encontraram desta maneira o suporte que lhes permitia continuar a pintar.
Em breve, a sua loja tornar-se-ia galeria de exposições de obras de Paul Cézanne, Seurat, Van Gogh e Gauguin.
Van Gogh tinha por ele uma profunda amizade por isso pintou, com a sua pincelada curta e inconfundível, três versões do seu retrato, em que aparece sentado e com as mãos entrelaçadas. Em fundo representou gravuras japonesas que coleccionava. O Monte Fuji, por detrás da sua cabeça, pretende simbolizar a grandeza de carácter e a humanidade deste homem.
Em cartas ao seu irmão Theo, Van Gogh escreveu: " É um companheiro divertido e bondoso e penso muitas vezes nele" e mais tarde acrescentou: " Quando for velho, talvez me torne como o Père Tanguy. Evidentemente, não sei nada sobre o nosso futuro individual. Apenas sabemos que o Impressionismo irá perdurar."
Ao observar hoje o quadro "Père Tanguy", pretendi render uma singela homenagem a este amigo de artistas e ajudar a perpetuar a sua memória.
domingo, 16 de maio de 2010
sábado, 8 de maio de 2010
Observando um Quadro... de Caillebotte ... nº7
Gustave Caillebotte
"Os afagadores de soalhos"
Óleo sobre tela - 102x146,5cm
1875
Museu d'Orsay
Escolhi esta obra pelo rigor matemático com que Gustave Caillebotte a executou.
Este artista, desenhou uma a uma cada parte deste quadro, antes de as transpor para a tela.
A luz que invade a sala pela porta da varanda, ilumina os dorsos e os braços dos afagadores. As faixas escuras envernizadas brilham em contraste com o tom baço dos afagadores.
Os dois trabalhadores da frente executam os movimentos ao mesmo ritmo e conversam, o que está mais atrás está cortado, o que dá mais instantaneidade ao quadro. Há em toda a pintura um belo efeito de contra-luz.
Segundo Simona Bartolena "Caillebotte realiza uma composição muito original, com um ângulo pouco habitual, acentuado pelas linhas prospectivas do soalho, que conduzem o olhar até ao fundo da sala."
Caillebotte, aristocrata abastado, mas simultaneamente um mecenas para os seus amigos pintores - Monet, Degas e Renoir - surpreendeu tudo e todos ao considerar modelos e tema para um quadro, trabalhadores manuais a executarem o seu trabalho.
De sublinhar que a obra deste pintor, singular pelos temas escolhidos, em que transparecem o tédio e uma grande solidão nas personagens, ao contrário de outros impressionistas, não reflecte intenções moralizadoras, políticas ou sociais.
Este quadro, um dos mais célebres de Gustave Caillebotte (1848-1894), constitui uma das primeiras representações de trabalhadores urbanos, tendo sido considerado provocatório e por isso foi rejeitado pelo grande público e pelo Júri do Grande Salão Oficial em 1875.