sábado, 27 de março de 2010

Retrato ... de Chopin

No passado dia 1 de Março completaram-se dois séculos sobre o nascimento daquele que foi um dos mais célebres pianistas do século XIX e um dos maiores compositores de música para piano: Frederic Chopin (1810-1849).
E por que falo hoje de um músico, se sempre me tenho dedicado aos pintores?
Porque encontrei um retrato deste fabuloso pianista executado por Delacroix (1798-1863) e também porque gostaria de assinalar o bicentenário do seu nascimento.
Não conheço melhor síntese sobre a universalidade da música de Chopin do que a de Arthur Rubinstein:
"Chopin fez uma revolução na música tradicional para piano e criou uma nova arte do teclado.(...) A sua música conquista as mais distintas audiências. Quando as primeiras notas de Chopin soam por entre o salão de concerto, há um feliz suspiro de reconhecimento. (...) No entanto, não é uma música romântica, no sentido byroniano. Não conta histórias ou quadros pintados. É expressiva e pessoal, mas ainda assim uma arte pura (...). A sua música é a linguagem universal da comunicação humana.
Quando toco Chopin sei que falo directamente para o coração das pessoas."

Chopin nasceu na Polónia, mas deixou-a aos vinte anos, indo viver para Paris.
É nesta cidade que conheceu e fez amizade com Delacroix.

Este pintor disse deste seu amigo: " Tenho conversas a perder de vista com Chopin, de quem sou muito amigo, é um homem com uma qualidade rara: é o artista mais verdadeiro que eu encontrei. É daqueles, em pequeno número, que se podem admirar e estimar."

Deixo-vos o retrato de Chopin executado por Delacroix ... dois príncipes do romantismo.



Eugène Delacroix
"Retrato de Chopin"
Óleo sobre tela
1838
Museu do Louvre - Paris

quarta-feira, 24 de março de 2010

Os trabalhos de Eva Afonso



Eva Afonso
"A Casa Velha"
Óleo sobre tela - 59,5x49,5cm
2010

sábado, 20 de março de 2010

Somente pela Arte podemos sair de nós mesmos ...

"Somente pela Arte podemos sair de nós mesmos, saber o que um outro vê desse universo que não é o mesmo que o nosso e cujas paisagens permaneceriam tão desconhecidas para nós quanto as que podem existir na Lua. Graças à Arte, em vez de ver um único mundo, o nosso, vêmo-lo multiplicar-se, e quantos artistas originais existirem tantos mundos teremos à nossa disposição, mais diferentes uns dos outros do que aqueles que rolam no infinito e, muitos séculos após se ter extinguido o foco do qual emanavam, chamasse-se ele Rembrandt ou Vermeer, ainda nos enviam o seu raio especial."

Marcel Proust, in "O Tempo Reencontrado"

terça-feira, 9 de março de 2010

Observando um Quadro ... de Bruegel ... nº 6



Pieter Bruegel
"A Parábola dos Cegos"
1568

"A Parábola dos Cegos" ou "A Queda dos Cegos" é um dos quadros de Bruegel que me impressiona pela pouca variedade cromática ( dominam os tons castanho e cinza-azulado), pelo movimento, as personagens parecem estar a cair ao "ralenti", mas principalmente prende-me pela temática - cegos que conduzem outros cegos. O meu olhar fica perdido nos olhos dos cegos ou será o contrário?
Bruegel em "A Parábola dos Cegos" segue a parábola de Cristo quando Este se dirige aos Fariseus dizendo "... Deixai-os, são cegos a conduzir outros cegos! Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova" (Evangelho Segundo São Mateus,15).
José Saramago no "Ensaio sobre a cegueira" segue esta mesma ideia afirmando que "(...)deixando (...) de haver quem os (aos cegos) pudesse guiar e guardar (...) teria de suceder-lhes o mesmo que aos cegos da pintura, caminhando juntos, caindo juntos e juntos morrendo."
Esta pintura é uma magnífica metáfora contra os perigos da insensatez, da desorientação e do fanatismo.