sábado, 30 de março de 2013

Votos de Feliz Páscoa




Francisco de Zurbarán
"Agnus Dei"
c. 1635-40
Óleo sobre tela, 36x62 cm
Museu Nacional del Prado, Madrid




Para todos uma Páscoa Feliz !

 

sexta-feira, 29 de março de 2013

Zurbarán retrata o padroeiro dos pintores




Francisco de Zurbarán
"Cristo na cruz com São Lucas"
c. 1635-1640
Óleo sobre tela, 105x84 cm
Museu do Prado, Madrid



Nesta tela Zurbarán surpreende-nos tanto pela composição como pelo conteúdo, nela parece ter dado largas ao seu prazer em pintar este tema.
Pela primeira vez na história da pintura  São Lucas surge  diante da cruz de Jesus.
O santo aparece com uma paleta na mão, dirigindo um olhar piedoso para Jesus, mas decidido a pintá-lo.
Este santo é o padroeiro dos  pintores pois, segundo a lenda, ele pintou o retrato da Virgem com o Menino.  Há quem defenda que Zurbarán se auto-retratou na figura de São Lucas. 





quinta-feira, 28 de março de 2013

A finitude da vida - Vanitas


Se Cristo morreu na cruz para salvar os homens, os homens devem perceber que a sua existência é finita e viver a vida com  humildade.
Foi este sentimento que grande número de naturezas-mortas, Vanitas, procurou realçar.
A vaidade  humana, a natureza efémera da vida e a contemplação dos verdadeiros valores cristãos foram temas predominantes deste género artístico.
Nos finais do século XVI e no século XVII muitas obras traziam, através dos objectos que apresentavam, uma mensagem muito clara: "Lembra-te que vais morrer"; é uma reacção à arte que mostrava a riqueza e os bens terrenos.

Harmen Steenwijk
Natureza-morta Vanitas
c. 1640-1650
Óleo sobre madeira, 58,9x74 cm
Museu Stedelijk `De Lakenhal´, Leiden

A caveira, os livros e a fruta comida por vermes identificam esta pintura como uma representação alegórica do carácter finito de qualquer existência.
Atrás da caveira está um poste de madeira ligado a uma trave que é parcialmente oculta pela margem superior do quadro. Podemos ver aqui uma referência à cruz de Cristo.



quarta-feira, 27 de março de 2013

Hieronymus Bosch - Ecce Homo



Nestes dias que antecedem a Ressurreição de Cristo, como não relembrar o longo caminho que O levou ao Calvário e que tem sido representado, vezes sem conta, por artistas de todas as épocas?




Hieronymus Bosch
"Ecce Homo"
1515/1516
Óleo sobre madeira, 74,1x81 cm
Museum voor Schone Kunsten, Ghent

Este trabalho de Hieronymus Bosch aborda o tema da humilhação pública de Cristo, de modo a provocar a simpatia e a identificação do observador, com a sofrimento de Jesus.
Jesus aparece rodeado por um conjunto de personagens que mostram sentimentos de desprezo e alegria perante  o sofrimento alheio. As faces deformadas destes verdugos manifestam grande crueldade e ignorância.

domingo, 17 de março de 2013

Os trabalhos de Eva Afonso




Eva Afonso
"Palácio de Monserrate" - Sintra
2013
Óleo sobre tela - 50x65 cm 

quarta-feira, 6 de março de 2013

A "Art Brut" de Jean Dubuffet



Da vasta colecção do Musée National d´Art Moderne - Centre Georges Pompidou em Paris, fazem parte obras de pintores como Georg Grosz, Matisse, Picasso, Georges Braque, Kandinsky, Malévitch, Paul Klee,  Duchamp, Mondrian, Otto Dix, Miró, Bacon ou Pollock, grandes nomes da pintura mundial.
Mas foi uma obra de Jean Dubuffet que, há mais de 20 anos, fez a capa do catálogo deste Museu e é sobre este pintor que me vou deter neste post.



Jean Dubuffet nasceu em 1901 no Havre e morreu em 1985 em Paris.
Iniciou a sua formação artística na Escola de Belas-Artes no Havre e completou-a na Académie Julian em Paris. Durante alguns anos dedicou-se à pintura, até que cheio de dúvidas questionou a sua arte e abandonou a carreira artística.
Em 1942 retomou a sua actividade artística, manifestando-se, no entanto, contra a "cultura asfixiante" tanto através da pintura como da escrita. Jean Dubuffet duvida de todo o academismo, rejeita o elitismo em arte, recusa tudo o que cerceia a criatividade, por isso, vira as costas à arte dos museus e procura as suas referências culturais nas artes primitivas, no desenho das crianças ou na produção da "Arte Bruta".
Em 1948 cria, com outros pintores, a Companhia da Arte Bruta, usando o termo "L´Art Brut" para descrever a arte dos doentes mentais, das crianças ou mesmo das pessoas sem formação artística.
Jean Dubuffet dá a maior importância aos materiais, usa-os de forma crua e rude. Tritura "massas" (pastas, barro, asfalto, areia ...) usando-as de modo a criar relevos, traços impulsivos e figurações elementares.

" ... a arte de Dubuffet é na verdade "crua" ; (...) Se a sua obra se limitasse a imitar a arte bruta das crianças e dos loucos, não iriam estas convenções, por ele criadas, limitá-lo tanto como as da elite artística? Parece-nos que sim (...) ." *

Na  obra Le Metafisyx, da série Corps de Dame,  " a tinta é tão espessa e opaca como uma camada de gesso e os traços que articulam o corpo compacto são riscados nessa superfície como grafitti feitos por mão experiente." *

Jean Dubuffet
"Le Metafisyx"
1950
Óleo sobre tela, 116x89 cm
Musée National d´Art Moderne, Paris


" Mas as aparências podem enganar; a fúria e concentração do ataque deveriam bastar para nos convencer de que a fêmea demoníaca não é "coisa que qualquer criança pode fazer". Numa eloquente declaração, o artista explicou a finalidade de imagens como esta: " O corpo feminino... está há muito associado a uma noção especiosa de beleza ... que eu acho miserável e deprimente. Certamente que sou pela beleza , mas não aquela ... Tenciono varrer, sem hesitações, tudo aquilo em que nos têm ensinado a acreditar, como graça e beleza, e  substituí-lo por uma outra beleza, mais vasta (...) . Gostaria que as pessoas vissem a minha obra como uma tentativa de reabilitação de valores desdenhados..." * 


Mas voltando à obra de Dubuffet, que  fez capa do catálogo do Museu Nacional de Arte Moderna, em Paris ...
 Foi ao olhar para ela que decidi escrever sobre este artista.



Jean Dubuffet
" Rue Passagère"
1961
Óleo sobre tela, 129x161 cm
Musée National d´Art Moderne, Paris

Esta obra, datada de 1961, foi executada depois de um período em que Dubuffet experimentou vários materiais aos quais juntava a pintura a óleo.
Nela podemos ver as características da Arte Bruta: a vivacidade das cores, a falta de perspectiva, a espontaneidade do traço ... A Rue Passagère é um prenúncio do ciclo Hourloupe, iniciado em 1962 e concluído em 1974 em que de forma muito gráfica usou a cor na sua forma mais simples ( o vermelho, o branco e o azul), a figura humana e as multidões.





* Janson, H.W. - História da Arte, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1977